O presidente mais titulado
Partiu um excelente declamador de poesia e amante do fado. Partiu o presidente mais titulado e que mais tempo exerceu o cargo de um clube desportivo. Não sou adepto do FC Porto, mas reconheço o carisma e o espírito desafiador de Pinto da Costa. Quando surge o passamento, a tendência é elevarmos o que houve de bom. Lembro a dedicação que teve para com os seus dois cães: o Dragão e o Lucho. Quem bem trata os animais tem um enorme fundo de bondade. No entanto, um dos maiores desgostos que teve foi ser derrotado na corrida presidencial para os órgãos sociais do FC Porto. Sobre a gestão do clube azul e branco, convém lembrar os milhões de euros de dívidas à banca do Benfica e do Sporting. Espero que seja permitida a presença de Fernando Madureira no velório. Afinal, só se morre uma vez.
Ademar Costa, Póvoa de Varzim
Maus alunos
Pacheco Pereira, Teresa de Sousa e Alexandra Lucas Coelho escreveram ontem no PÚBLICO três artigos que nem sequer sonhávamos ler há uns anos. Os três falam de uma história que se repete mas que, ao que parece, não é capaz de nos ensinar.
Uma potência (EUA) cede um país (Ucrânia) a outra potência (Rússia) para a apaziguar. Uma democracia em decadência (Israel) prepara uma limpeza étnica de um povo (palestinianos) com o apoio convicto de quase toda a sua população (76% dos israelitas apoiam o plano alucinado de Trump de construir uma Palestina Inn naquelas terras). Enquanto isso, na Europa, uns resistem a este repetir trágico da História, outros aplaudem cinicamente tudo o que cheire a destruição da sociedade liberal e outros, a maioria (?) continua a tirar selfies para o Instagram como se nada fosse.
“A História”, escreve Teresa de Sousa, é “uma fonte inesgotável de ensinamentos”. É verdade, o problema é que nós somos muito maus alunos.
Tomás Magalhães Carneiro, Porto
Menos fregueses que moradores
Lembram-se deste pregão das senhoras das barracas de tiro ao alvo na Feira Popular de Lisboa? Assim parece agora onde estamos. Em vez de um tirinho, vai uma freguesia. Fez bem Marcelo em devolver a estapafúrdia lei da desagregação de freguesias. Mal, muito mal é a opinião de António Cândido de Oliveira no jornal de sábado. Qualquer dia temos freguesias no lugar de ruas.
Os partidos do arco da governação e os partidos candidatos a o serem, devem arregimentar apoiantes e votantes, com as suas ideias e soluções para o país e não apostarem capelinhas, governadas por caciques. Até há câmaras a mais, quanto mais freguesias.
Tem que se legislar no sentido de haver um mínimo de “fregueses” para constituir uma freguesia. Por mim sugiro 5.000 habitantes. Agora, freguesias com menos fregueses que moradores num prédio é que não.
António Lamas, Montijo
Lufadas de ar puro<_o3a_p>
Há no nosso universo intelectual dois homens que nos dão lições todos os dias – Pacheco Pereira (PP) e Rui Tavares (RT). Homens lúcidos, conhecedores como ninguém da história universal, estudiosos das matérias de que falam, cidadãos acima de qualquer suspeita. Tenho pena que estejam a acabar homens destes na nossa sociedade ocidental e em particular no nosso querido país.
O que ouvimos a todo o instante nas televisões é o “espertinho” que colou meia dúzia de ideias e vomita-as como verdades absolutas. Os que criticam os crimes de colarinho branco e e cometem crimes de colarinho sujo. Os que vendem a alma por um lugar de poder e renegam as ideias que tinham para vestirem as contrárias, só para poderem candidatar-se às eleições autárquicas.
Os incultos encartados, que sabem de tudo mas no fundo nada sabem de coisa nenhuma. Os vendedores de sonhos impossíveis de realizar e os que acreditam nesses mesmos sonhos. A ignorância de uma juventude a quem lhes foi roubada a filosofia e a história nos currículos escolares. A náusea de quem viveu muitos anos e estudou os assuntos a sério e vê-se descartado nesta sociedade. Por tudo isto, o PP e o RT são lufadas de ar fresco e puro, no meio da lama da nova modernidade. Bem hajam por ainda escreverem e nos darem um pouco de alento para acreditar no Ser Humano como fonte de dignidade de verdade, de sabedoria e de cidadania democrática.
José Carlos Palha, Gaia
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