Vivo Novidades

Blog Post

Vivo Novidades > Notícias gerais > Cartas ao director | Opinião

Cartas ao director | Opinião

Pinto da Costa e o “regionalismo”

Gostei muito da biografia que Manuel Carvalho fez do dirigente do FCP. Pinto da Costa (P.C.) protagonizou um discurso a que muitos chamam “regionalista”, mas que é muito pior do que isso. Se o mal-estar de tantos portuenses em relação aos lisboetas é antigo, prova-o Ramalho Ortigão. Mas o que P.C. fomentou foi um discurso de ódio. Para ele, o Porto e a região Norte simbolizavam uma bolsa identitária do país, contra a Lisboa dos “mouros” (veja-se Umberto Bossi e a sua Liga do Norte). A claque dos Super Dragões, onde o antigo dirigente tinha a sua guarda pretoriana, ficou famosa pelo slogan como “Quero ver Lisboa a arder!”.

O centralismo é um problema histórico português. Mas o discurso do antigo dirigente do FCP não promoveu uma qualquer “justiça” quanto às regiões desfavorecidas do país. Como jornalista, há mais de uma década encontrava-me em Mogadouro (distrito de Bragança), em reportagem, quando um autarca transmontano me disse que, centralismo por centralismo, antes o de Lisboa ao do Porto. A afirmação da identidade portuense/portista feita a partir do ressentimento cola-se à memória de Pinto da Costa. Tanto mais evidente num mundo onde nos debatemos com o racismo, a xenofobia e, em suma, a arrogância, a manipulação da História e o radicalismo de tantos discursos identitários. E, afinal, supremacistas.

Nair Alexandra, Linda-a-Velha

Energia espacial

O PÚBLICO noticiou há dias que a potência das centrais solares em Portugal aumentou para o dobro em 2024. É uma notícia com que todos nos regozijamos, por todos os benefícios que isso nos traz e pela esperança que nos suscita de que serão possíveis novos progressos substanciais no futuro. Mas eis que nos chega, quase em simultâneo, a notícia de que o Governo chinês está a ultimar um projecto de construção de uma central solar no espaço, que orbitará a Terra a 36.000km de altitude. A qual consistirá numa matriz solar de um quilómetro de largura que conseguirá captar a energia solar em medida dez vezes superior à que atinge a superfície do nosso planeta. Tal energia —​ prevêem — será enviada para a Terra através de ondas de rádio de alta energia. E, para já, vão os chineses projectando um foguetão que possa carregar até 150 toneladas de cada vez dos utensílios para a construção da central. O projecto chinês gerará energia limpa e em quantidades que se imaginam capazes de abalar ou colapsar os mercados do petróleo, do carvão, do gás e também outros, e a própria economia dos produtores de petróleo e gás no seu todo; não haverá tarifas que aguentem o embate. Mas o dilema vai ser este: avançarmos para uma economia limpa ou recusarmos o progresso para salvaguardarmos uma economia suja. E o que acontecerá ao sistema económico?

António Reis, Vila do Conde

As vozes da Europa

A linguagem conduz o pensamento. Na nossa imprensa escrita e vocal, o termo “Europa” passou a ser sinónimo de “União Europeia” (UE), como realidade factual e projecto em expansão. O pretenso unitarismo da UE tende a apagar a voz dos países que não sintonizam com a voz dominante do poder maioritário instituído. A questão da “segurança europeia”, isto é, da “segurança” dos países na Europa não é uniforme. A dominante anti-russa de países bálticos, de que é expoente, Kaja Kallas, a alta-representante da UE para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança, contrasta, por exemplo, com a posição da Hungria, da Eslováquia e da Bulgária. Vozes diferentes. Umas soam mais alto, com maior difusão.

O conflito no Leste da Europa, fora da UE, envolvendo dois países de longa história única, a Rússia e a Ucrânia, com um conflito territorial e demográfico na fronteira, não se resolve com o intervencionismo militar ampliado, directo ou indirecto. O militarismo intervencionista não dá segurança, produz insegurança e pode gerar o caos na Europa, do Atlântico aos Urales.

José Manuel Jara, Lisboa

Será que o crime vai ser premiado?

Notícia após notícia, fico com a impressão de que, uma vez mais, o crime vai ser premiado e a Rússia, país invasor da Ucrânia, irá ganhar território tal como já sucedeu em 2014 quando invadiu a Crimeia, que era uma república autónoma da Ucrânia. Perante as demasiadas cautelas dos EUA e da Europa, em 2014 e desde 24 de Fevereiro de 2022, o resultado está à vista e, lamentavelmente, o mundo livre vai permitir que um ditador como Putin alcance os seus objectivos e dê mais um passo na tentativa de recriação da União Soviética. Convém não esquecer que, se premiarmos o invasor Rússia, não saberemos nunca o que poderá acontecer daqui a alguns anos, pois nada garante que as invasões efectuadas pela Rússia em 2014 e 2022 não se venham a repetir. Será que mais uma vez o crime vai compensar? Triste mundo este.

Manuel Morato Gomes, Senhora da Hora

#Cartas #director #Opinião

Leave a comment

Your email address will not be published. Required fields are marked *