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Extrema-direita alemã está a utilizar IA para conquistar votos. Como?

Já vimos este cenário, anteriormente, aquando de outras eleições importantes, como as americanas, britânicas, indianas e até portuguesas. Agora, com as parlamentares alemãs a acontecerem dentro de poucos dias, a Inteligência Artificial (IA) está a ser um trunfo da extrema-direita do país. De que forma o partido Alternativa para a Alemanha (em alemão, AfD) está a utilizar a tecnologia?

IA nas eleições da Alemanha

Anteriormente, enquanto vários países caminhavam para eleições importantes, o mundo conheceu uma finalidade verdadeiramente problemática da IA: minar a opinião pública.

Aliás, conforme vimos, os políticos estão "no topo da pirâmide", quando se trata de desinformação impulsionada pela IA, segundo Martina Larkin, executiva-chefe do Project Liberty, uma organização sem fins lucrativos que procura promover a segurança na Internet.

Agora, os conteúdos gerados por IA estão a ajudar a extrema-direita alemã a tornar as suas visões de futuro surpreendentemente realistas: de um lado, o futuro idílico e nostálgico que promete trazer, se ganhar as eleições; do outro, o futuro distópico para o qual o país será arrastado, caso perca as eleições.

Trata-se de mostrar como seria a vida com o AfD na Alemanha e como seria comparada com se não chegássemos ao poder. Nós não apenas descrevemos o que queremos em palavras. Ilustramo-lo e apresentamo-lo - e, claro, por vezes amplificamo-lo.

Explicou Norbert Kleinwächter, um parlamentar do AfD, ao POLITICO, numa clara amostra de que os líderes do partido são abertos relativamente à utilização da IA.

O site oficial do partido alemão apresenta um mineiro de carvão com capacete, uma mulher despreocupada a dançar, um homem a rir e uma mulher idosa sorridente; todos eles gerados por IA. Estas imagens, que retratam o padrão associado aos alemães que apoiam o AfD, são as que ocupam grande parte do conteúdo gerado por IA utilizado pelo partido.

Indo além do retrato artificial dos seus apoiantes, o partido está a utilizar conteúdo gerado por IA para dar vida à sua promessa de fazer regressar o país a uma época ideal e, segundo defende, melhor, bem como para evitar o que considera ser um futuro problemático, provocado pelo aumento da imigração.

Os vídeos gerados por IA funcionam como máquinas de nostalgia e amplificadores de clichés emocionais, com imagens que fazem referência à estética histórica dos séculos XIX e XX.

Teorizou Marcus Bösch, investigador da Universidade de Ciências Aplicadas de Hamburgo.

Aliás, um vídeo do AfD no estado alemão de Brandenburgo, publicado antes das eleições legislativas do outono passado, remete o espetador para uma suposta idade de ouro, onde se ouve:

Os vossos antepassados tinham uma pátria em Brandeburgo - foi aqui que o vosso avô levou a vossa avó a dançar, foi aqui que a vossa mãe foi para o jardim de infância, foi aqui que o vosso avô construiu a casa dele. Foi aqui que os teus pais te trouxeram ao mundo e fizeram de ti a pessoa que és hoje.

Na perspetiva de Norbert Kleinwächter, a abordagem da extrema-direita alemã não é tanto uma máquina de nostalgia, mas antes "um telescópio para o futuro".

Não se trata de dizer algo negativo sobre um determinado grupo ou uma determinada pessoa ou algo do género. Não é esse o objetivo; o objetivo é pôr o dedo no ponto sensível e apresentá-lo visualmente.

Inteligência Artificial na política

Além dos conteúdos gerados pelo próprio partido, há outros a serem criados pelos utilizadores e os influenciadores que o apoiam, que publicam imagens e vídeos nas redes sociais, como o TikTok, Instagram, Facebook e X.

Segundo o investigador da Universidade de Ciências Aplicadas de Hamburgo, "há todo um exército de fãs envolvido numa tentativa de propaganda participativa de longo alcance e eficaz [...] as mensagens são amplificadas e emocionalmente carregadas através de edições de fãs, com os apoiantes a inundarem as secções de comentários".

Alguns utilizadores até criaram contas completas de influenciadores de IA, no sentido de impulsionar o partido.

Para Maik Fielitz, investigador de movimentos de extrema-direita no Instituto para a Democracia e Sociedade Civil, em Jena, a abordagem do AfD à IA nestas eleições revela uma caraterística fundamental do partido: a sua ligação por vezes ténue à verdade, sendo "bastante óbvio que quer gerar uma atitude relativamente à IA, a de que não importa se é real ou não".



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