A pedagogia usada no início da guerra na Ucrânia fez efeito, rememora Joana Feliciano, da Portugal com ACNUR – Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados. “No início, recebíamos imensas entregas de coisas que não eram úteis no terreno ou cujos encargos no transporte e armazenamento exigiram um corte de outras necessidades no terreno. A logística era impensável. Mas os doadores responderam a isso, confiaram às organizações os seus donativos, e agradecemos muito.”
Mas as angariações não surgem ao mesmo ritmo de 2022. A guerra na Ucrânia pode tornar-se uma crise esquecida e negligenciada, apesar de ser uma das principais emergências no mundo, diz ao Expresso a responsável da representação portuguesa da agência da ONU. “Há sempre um pico, mas depois é natural que, apesar de as pessoas não desistirem de ajudar, a solidariedade não se vai esvaindo, mas redistribuindo, porque as necessidades infelizmente não existem apenas na Ucrânia”, lamenta.
Três anos difíceis. E o fim da guerra não está à vista, pelo menos aquele que resolve a crise humanitária, e que está para lá da mesa de negociações. As linhas da frente na parte ocidental multiplicaram-se. O ACNUR, que tinha escritório em Kiev, também teve de abrir outros escritórios. Olhando para os três anos de guerra e invasão em larga escala, Joana Feliciano nota que a situação é cada vez mais precária no Leste e no Sul do país. “Em 2024, os ataques aéreos intensificaram-se em algumas cidades, como Kiev, Kharkiv, Odessa, Dnipro, e a percentagem de mortes de civis foi de mais 30% do que em 2023. Houve uma escalada das hostilidades.”
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