É pouco provável que alguma jornada de oitavos-de-final de Liga dos Campeões tenha sido tão unidimensional como a que se jogará nesta quarta-feira. Primeiro, porque o senso comum futebolístico sugere pouco entusiasmo global para ver um Aston Villa-Club Brugge. Depois, porque o que se passou na semana passada, nos jogos da primeira mão, sugere que um Lille-Dortmund (apenas dois remates às balizas e menos de um golo esperado para cada equipa) e um Arsenal-PSV (houve 7-1) poderão não ser apostas vencedoras em qualquer sofá.
Isto equivale a dizer que, nesta quarta-feira (20h, DAZN), tudo se passa em Madrid. Real e Atlético voltam a jogar depois do 2-1 caseiro a favor da equipa de Ancelotti e é provável que grande parte dos olhos da Europa estejam no Wanda Metropolitano.
Até o contexto futebolístico actual contribui para isso, já que o Atlético de Diego Simeone é, por estes dias, uma equipa menos aborrecida do que foi durante muitos anos.
Conhecido pelo 4x4x2 muito rígido e de preceitos defensivos, a equipa de Simeone é, hoje, mais ofensiva e está, sobretudo, mais disposta a controlar os jogos – tal como se viu na primeira mão, com alguns períodos de supremacia clara.
Até as estatísticas apontam nesse sentido: deixou de ser uma equipa que habitualmente sofria muitos golos e marcava poucos para passar a ser o oposto disso – nunca o Atlético tinha marcado tanto na Era Simeone, mas também nunca tinha sofrido tanto, algo que também ficou patente no Bernabéu, com alguns erros defensivos.
Samuel Lino, extremo brasileiro, já chegou a falar disso, reconhecendo que Simeone mudou o estilo de jogo da equipa, e esta segunda mão carece de futebol ofensivo – a equipa da casa vai entrar em campo em desvantagem.
É um facto que o jogo no Bernabéu não foi dos mais excitantes, com as duas equipas a terem mais cuidados do que aventuras e também por isso a partida foi decidida por golaços em lances individuais e não pela sucessão de jogadas colectivas com realce ofensivo.
Ao Real parece ter faltado mais capacidade de ter bola entre linhas – Mbappé deu-se pouco e Bellingham fez falta – e o Atlético conseguiu muitas vezes passar a primeira pressão de Mbappé e Vini com um simples passe vertical, tendo, depois, superioridade numérica na zona central.
Mas há dois problemas para o Atlético. Um é que Bellingham, desta vez, vai a jogo. O outro é que o Real, estando em vantagem, vai, provavelmente, baixar um pouco o bloco e explorar lances de transições rápidas com Vini, Rodrygo, Bellingham e Mbappé – e é aí que mais prospera o futebol da equipa de Ancelotti, fazendo desta partida um jogo de alto risco para o Atlético.
Para o espectador também há boas notícias. Um Atlético que já se dá mais ao ataque e a perder por um golo poderá fazer os adeptos esperarem algo mais do que houve no Bernabéu, sobretudo quando a equipa de Simeone pareceu confortável com a derrota por um só golo. Se assim não for, muitos milhões ficarão desiludidos e a pensar no que terá acontecido em Birmingham, Lille ou Londres.
Nesses jogos, nada de relevante se passará no Arsenal-PSV, depois do 1-7 em Eindhoven, mas há eliminatórias em aberto nos menos renomados Lille-Dortmund (1-1) e Aston Villa-Brugge (vantagem inglesa por dois golos).
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