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EUA bloqueiam acesso canadiano a famosa biblioteca dividida pela fronteira | América do Norte

A biblioteca de Haskell é uma das mais peculiares do mundo. Situada em Derby Line, no estado norte-americano do Vermont, é atravessada pela fronteira internacional entre os Estados Unidos e o Canadá, com parte do seu edifício para lá da divisa e aberta a quem, do lado canadiano, a quiser evitar. Bastava caminhar até à entrada, do lado norte-americano, e usufruir dos livros naquele espaço neutro, partilhado por dois países.

Essa peculiaridade não durará muito mais tempo. Esta sexta-feira, as autoridades norte-americanas anunciaram o que os responsáveis e os utentes da biblioteca temiam: o livre acesso canadiano ao edifício vai ser encerrado. A guarda fronteiriça norte-americana (o CBP) afirma que, a partir de segunda-feira, apenas canadianos com cartões de utente da biblioteca ou que trabalhem no edifício poderão no espaço a partir do Canadá, e que a partir de Outubro o acesso deverá ser definitivamente bloqueado.



O interior da biblioteca, com a linha da fronteira assinalada no chão
Reuters

Quem quiser visitar a biblioteca vindo de fora dos Estados Unidos passa a ter de cumprir as habituais formalidades da fronteira, apresentando um passaporte, antes de caminhar até à entrada do lado norte-americano.

A biblioteca Haskell foi criada em 1904 por famílias que habitavam aquela zona rural do Vermont, numa altura em que era possível aos moradores atravessar a fronteira e visitar os seus vizinhos na província canadiana francófona do Quebeque sem quaisquer procedimentos de segurança.

Os tempos mudaram, mas o espaço manteve o seu carácter neutro até hoje. Durante o primeiro mandato do Presidente norte-americano Donald Trump, a biblioteca fronteiriça chegou a servir de sala de visitas para famílias divididas pela proibição de entrada nos EUA de cidadãos de um conjunto de países predominantemente muçulmanos.

O fim do carácter binacional desta biblioteca do Vermont é lamentando dos dois lados da fronteira e acontece num contexto de crescente clivagem entre os Estados Unidos e o Canadá, não só devido à guerra comercial entre as duas nações, como pelas repetidas referências do Presidente norte-americano Donald Trump, e dos seus aliados, à ideia de uma anexação do Canadá por parte dos EUA – sugestão que é frontalmente recusada pela esmagadora maioria dos canadianos.

Em Janeiro, a secretária de Segurança Interna dos EUA, Kristi Noem, visitou a biblioteca de Haskell e, segundo a imprensa local, atravessou a fronteira dizendo “EUA, número 1, Canadá, o 51.º estado”.

“Este encerramento não só compromete o acesso dos visitantes canadianos a um símbolo histórico de cooperação e harmonia entre os dois países, mas também enfraquece o espírito de colaboração transfronteiriça que define esta localização icónica”, lamentaram em comunicado os responsáveis da biblioteca e da autarquia de Stanstead, no Quebeque, a localidade colada a Derby Line, a sua vizinha nos Estados Unidos.



O edifício da biblioteca e a fronteira entre o Canadá (à esquerda) e os EUA (à direita) assinalada por blocos de mármore cinzentos, durante uma conferência de imprensa e manifestação contra o fim do acesso internacional ao espaço
Reuters

O Departamento de Segurança Interna dos EUA justifica a decisão com a necessidade de combater o narcotráfico proveniente do Canadá, uma das razões também referidas pela Administração Trump para punir o seu velho aliado, e um dos seus maiores parceiros comerciais, com a implementação de pesadas taxas alfandegárias.

“Traficantes de droga e contrabandistas estão a aproveitar-se do facto de que os canadianos poderiam usar a entrada nos EUA sem passar pela alfândega. Estamos a pôr termo a esse aproveitamento pelos criminosos e estamos a proteger os norte-americanos”, afirma o Governo norte-americano num comunicado citado pela Reuters.

O número de travessias ilegais da fronteira entre o Quebeque e o Vermont aumentou significativamente nos últimos anos, e a região entrou efectivamente nas rotas da imigração ilegal. No entanto, o peso relativo do narcotráfico proveniente do Canadá continua a ser reduzido.

Apesar da animosidade actual entre EUA e Canadá, o estado norte-americano do Vermont e a província canadiana francófona do Quebeque mantêm fortes relações económicas e culturais. “O Vermont ama o Canadá”, escreveu Pete Welch, senador democrata do Vermont, na rede social X, defendendo a biblioteca Haskell como uma “celebração da parceria entre as nossas duas nações”.

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