Wall Street anda aos solavancos. Depois das grandes valorizações de quarta-feira, o vermelho voltou a manchar os principais índices norte-americanos, com os investidores a continuarem a avaliar o impacto económico de uma guerra comercial com a China que parece não conhecer qualquer travão.  

O S&P 500 encerrou a sessão a perder 3,46% para 5.268,05 pontos, enquanto o industrial Dow Jones caiu 2,5% para 39.593,66 pontos. O índice mais castigado pelos investidores foi o tecnológico Nasdaq Composite, que desvalorizou 4,31% para 16.387,31 pontos, corrigindo parcialmente os ganhos de 12,2% que registou na sessão anterior.

Apesar de Donald Trump ter anunciado uma pausa de 90 dias nas sua política comercial, que compreende o adiamento das tarifas recíprocas superiores a 10% a países que não retaliaram, a guerra com a China continua a toda a força. Esta quinta-feira, a Casa Branca veio esclarecer que as taxas aduaneiras a produtos chineses estão, na realidade, nos 145% – e não em 125%, como anteriormente se pensava.

O anúncio surpreendeu os investidores e adensou as perdas dos principais índices norte-americanos, que já tinham arrancada a sessão no vermelho e a corrigir os ganhos substanciais do dia anterior. O S&P 500 chegou a perder mais de 6% e o Nasdaq mais de 7%, mas Wall Street conseguiu reduzir as perdas.

“Os investidores continuam desconfortáveis com as tarifas, porque ainda não conseguiram perceber qual é o objetivo final das mesmas”, afirma Paul Nolte, da Murphy & Sylvest, à Reuters. O analista explica que a política comercial de Washington continua a ocupar o palco principal das preocupações dos investidores – e nem o recuo da inflação conseguiu devolver o otimismo.

As “megacaps” – empresas com maior capitalização de mercado – voltaram às perdas, com a Tesla a encabeçar a tabela das desvalorizações entre as “Sete Magníficas”. A fabricante de automóveis liderada por Elon Musk afundou 7,27% para 252,40 dólares, com os mercados a não darem hipóteses de recuperação à empresa que viu as suas vendas caírem no primeiro trimestre.

As atenções dos investidores viram-se agora para o arranque da “earnings season”, com o setor financeiro a dar o primeiro passo. Na sexta-feira, bancos como o JP Morgan, o Morgan Stanley e o Wells Fargo apresentam resultados, que podem vir a definir o sentimento da negociação, caso não existam mais anúncios e retaliações no campo comercial.