Guardião leva 53 jornadas consecutivas como dono da baliza dos galos e tem sido porto seguro entre os postes, apesar da temporada irregular do emblema de Barcelos. Ricardo Soares realça a A BOLA que o brasileiro tem capacidade para atingir outros voos. «Tem qualidade acima da média», sublinha o técnico que o lançou na Liga

Nas últimas 53 jornadas da Liga, numa série que começou a 12 de novembro de 2023 (ronda 11 da temporada 2023/24, ante o Rio Ave), há um nome que não saiu das fichas de jogo e sempre na secção dos titulares: Andrew Ventura.

O guarda-redes do Gil Vicente tem demonstrado enorme consistência entre os postes dos galos e merecido a confiança de todos os técnicos que têm passado pelo banco do emblema de Barcelos.

Formado no Botafogo, clube pelo qual não chegou a estrear-se como sénior (foi titular nos sub-20 em 2020), o guardião brasileiro, de 23 anos – completa 24 no dia 1 de julho – mudou-se para o velho continente, mais propriamente para Portugal, em 2021.

Quem lançou o número 42 dos gilistas na elite do futebol nacional foi Ricardo Soares, que esteve à conversa com A BOLA sobre o percurso do jovem no Gil Vicente. Inicialmente, Andrew nem foi contratado para a equipa principal, revela o ex-técnico dos galos.

«Quando veio para o Gil era para pertencer à equipa de sub-23, que acabou por não avançar, pelo que ele ficou na equipa principal. É muito fácil trabalhar com ele, era muito jovem, na primeira experiência fora do seu país, mas já com uma personalidade muito desenvolvida. Faltava-lhe alguma experiência, mas sabia muito bem o que é que queria. Trabalhou sempre muito bem, é um excelente profissional e uma excelente pessoa, e com um talento que toda a gente vê. É extremamente fácil trabalhar com pessoas e profissionais que tenham estas características», frisa o treinador de 50 anos, que está atualmente sem clube, depois de ter saído dos chineses do Beijing Guoan em dezembro do ano passado.

Treinador português, ex-Beijing Guoan, é um dos seis nomeados

Ricardo Soares explica como surgiu a oportunidade de contratar o guarda-redes e salienta o potencial visível desde o primeiro treino com a equipa principal gilista: «Sim, a minha equipa técnica, nomeadamente o meu treinador de guarda-redes, o Paulo Lobo. Foi um dos guarda-redes colocados numa lista pelo Tiago Lenho para nós analisarmos e tomarmos uma decisão. O Paulo Lobo, juntamente com o clube, entendeu que era o jogador com o mais potencial dentro daquela linha que foi proposta ao clube de quatro ou cinco guarda-redes. Se numa primeira fase o Paulo Lobo e o Tiago Lenho detetaram isso, a partir do momento em que ele começou a treinar com a equipa percebemos que era um jovem com muito potencial para desenvolver.»

O técnico luso não tem quaisquer dúvidas sobre o futuro de Andrew, que pode atingir voos (ainda) mais altos: «Para mim é até uma pequena surpresa ele não ter dado ainda o passo seguinte. Tem qualidade acima da média, tem um conjunto de valências que o diferenciam como um guarda-redes que, do meu ponto de vista, pode atingir um patamar ainda melhor.»

A época menos conseguida do emblema minhoto pode ser um entrave, mas, frisa Ricardo Soares, qualidade não falta a Andrew: «Não nos podemos esquecer que ele acaba por ser um bocadinho vítima do facto de o Gil Vicente não estar a fazer um campeonato regular. Quando isso acontece, os jogadores perdem valor, os olheiros e as pessoas do futebol olham para quem ganha. E isso acaba por ser um fator negativo naquilo que deveria ser uma visibilidade muito maior para poder dar o salto. No entanto, a qualidade está lá. É um excelente guarda-redes, muito bom nas saídas, muito bom dentro da baliza e equilibrado nos cruzamentos. É um guarda-redes que garante pontos.»

O guardião é um dos principais ativos do plantel dos galos e já vai despertando o interesse de clubes estrangeiros, tendo sido já associado ao Nottingham Forest, no verão passado. Andrew tem contrato com o Gil Vicente por mais uma época, até junho de 2026.

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