Quando Irão e EUA continuam em conversações por causa do programa nuclear iraniano, o ministro dos Negócios Estrangeiros do Irão e principal negociador, Abbar Araghchi, será o orador principal da conferência do Carnegie center sobre política nuclear.
A intervenção do ministro como keynote speaker, numa sessão moderada pelo jornalista da Economist Steve Coll, acontece depois de uma segunda ronda de conversações indirectas entre EUA e Irão sobre o programa nuclear, este sábado, em Roma, terminar com declarações optimistas de Omã, que está a mediar as conversações, e quando estão prestes a avançar negociações a nível técnico antes de uma terceira ronda com Araghchi e o negociador americano Steve Witkoff, em Mascate, a capital de Omã.
Esta presença virtual de Araghchi numa conferência prestigiada “envia mensagens de vários níveis”, segundo a agência iraniana Mehr, destacando que o encontro tem habitualmente a presença de decisores, diplomatas e especialistas da indústria nuclear, sendo “uma plataforma importante para apresentar pontos de vista e medir o clima intelectual que existe na capital americana”.
Assim, continua a agência iraniana, “a presença de Araghchi não serve apenas para expressar o ponto de vista do Irão, mas antes uma tentativa para redefinir a posição do Irão em círculos de analistas norte-americanos”.
Até agora, a incógnita tem sido até que ponto os EUA irão insistir no desmantelamento total do programa nuclear iraniano, a solução defendida por Israel mas que ninguém acredita que o Irão aceite.
O acordo anterior, negociado pela Administração Obama, previa limites ao grau de enriquecimento e inspecções periódicas para garantir que o Irão nunca tinha, em nenhuma altura, urânio que pudesse ser enriquecido a um grau militar, ou seja, com um enriquecimento que permitisse ser rapidamente usado numa bomba atómica.
Donald Trump criticou o acordo e no seu primeiro mandato retirou os EUA do acordo e levou ao seu fim.
Mas o que parece estar em cima da mesa agora, escreveu na rede social X (antigo Twitter) o analista Aaron David Miller, antigo negociador dos EUA para o Médio Oriente e agora analista também do Carnegie Center, é, ironicamente, algo muito semelhante. Pelo menos foi o que parecia estar implícito numa declaração de Omã que mencionava como objectivo das negociações chegar a um acordo que “asseguraria que o Irão não tem nenhuma arma nuclear, levaria ao levantamento total das sanções e manteria o seu direito de desenvolver o nuclear para fins pacíficos”.
Ainda assim há mais incógnitas, como o papel da Rússia, onde Araghchi esteve na semana passada e onde o sultão de Omã irá esta semana. Chegou a especular-se que a Rússia poderia ser um local para o Irão armazenar algum do urânio enriquecido, mas não era claro se isso poderia acontecer. Moscovo, que antes se ofereceu também para ajudar na mediação, recusou-se a comentar essa hipótese.
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