Santa Ignorância ou Santa Demagogia?
Confesso que não consegui evitar um sorriso sarcástico ao ler no PÚBLICO a entrevista a Paulo Raimundo, secretário-geral do PCP. Faz até impressão ficar a saber pelo “camarada” como é tão fácil e tão rápido resolver os problemas da pátria que tanto nos preocupam! Falta de professores? Falta de médicos? Falta de oficiais de justiça? Falta de profissionais para legalizar imigrantes? Falta de…?
Basta decretar o fim das contrapartidas fiscais aos grupos económicos que investem os seus lucros em Portugal e criam postos de trabalho, nacionalizar tudo o que não sejam micro, pequenas e médias empresas, ou seja, os grandes grupos económicos que até são os que pagam os melhores salários em Portugal. Só isso vai chegar e sobrar para aumentar salários, pensões, reduzir os horários de trabalho, construir mais creches, lares de 3ª idade, hospitais, escolas, etc.! Já viram como é tão fácil? Basta que votem CDU!
Mas, ainda que mal pergunte! Qual foi o país ou os países que seguiram a receita do Paulo Raimundo e passaram a ter melhores níveis de vida do que na União Europeia, por exemplo?
Santa Ignorância! Ou será Santa Demagogia?
Hélder Pancadas, Sobreda
Estrangeiros compram casas
Por motivos pessoais tenho andado a sondar o mercado imobiliário junto com a minha filha, que gostaria de adquirir casa em Lisboa. Concluí que os preços são exorbitantes e apenas acessíveis a “estrangeiros”. Mesmo que se encontre uma casa um pouco menos cara, logo aparece um comprador estrangeiro que decide comprar de um dia para o outro e aparece com dinheiro em cash, como se se tratasse de uma compra trivial (branqueamento de capitais?). O imobiliário em Lisboa só sobe porque há uma clientela estrangeira para quem isto (ainda) é barato e compram porque acham que ainda vai subir mais (“investidores”), até chegar aos preços de Paris, quiçá Nova Iorque. Todos sabem que são os estrangeiros a origem do problema no imobiliário em Lisboa, Porto. Não foi por acaso que Pedro Nuno Santos fez um bom lucro na venda de duas casas porque as vendeu a um americano e a um francês… que são os clientes do imobiliário em Lisboa. Eu sei que não se pode proibir a aquisição de imóveis a cidadãos da UE, mas se se impedisse os americanos e os chineses de comprar já ajudava a arrefecer o mercado. E para os compradores franceses (e outros europeus), que tal um IMT de 100%? Arrefecia o mercado e talvez os portugueses voltassem a poder habitar em Lisboa!
Fernando Vieira, Lisboa
O papa dos “descamisados”
Não temos dúvida alguma de que o Papa Francisco, antes de o ser, terá lido as obras do brasileiro Josué de Castro, principalmente a “Geopolítica da Fome”. Logo, o padre argentino Jorge Mario Bergoglio, terá alicerçado a sua bondade natural para com os mais desfavorecidos, através da teologia da libertação, ao enveredar pelo ramo clerical de jesuíta.
Para a teologia da libertação, a salvação não é só espiritual, mas fundamentalmente física, de modo a serem defendidos aqueles que são oprimidos pela pobreza, para que ajam de modo a libertarem-se dos presumíveis causadores da sua miséria terrena, provocada principalmente pelos donos dos meios de produção e dos mais ricos, que sugam o sangue dos mais desfavorecidos. Um dos expoentes da teologia da libertação foi o teólogo e escritor brasileiro Leonardo Boff, para mais tarde ocorrer o marco inicial, em 1971, com a publicação do livro “Teologia da Libertação”, da autoria do padre peruano Gustavo Gutiérres. A Santa Sé conservadora condenou os principais fundamentos da teologia da libertação, mas o “libertador” Francisco conseguiu com denodo e perseverança tirar muitas “teias de aranha” das mentes mais conservadoras do Vaticano.
Nosso querido “Padre Francisco”, paz à tua alma, e que sirvas de exemplo para as “ervas daninhas” que existem neste mundo conturbado.
José Amaral, Vila Nova de Gaia
Montenegro e o 25 de Abril
O Papa Francisco estará provavelmente a chorar por ter verificado a forma como Luís Montenegro tratou as comemorações do 25 de Abril. O Papa Francisco, que foi um defensor das liberdades – recordemos o que disse perto de morrer relativamente à Faixa de Gaza e Ucrânia -, não achou piada nenhuma à suspensão, ainda que por meias palavras, das comemorações do 25 de Abril decretada por Luís Montenegro. Será que este não concorda totalmente com o que se passou em 25 de Abril de 1974? Embora Portugal seja um país maioritariamente católico, apesar de na sua Constituição dizer que é um Estado Laico, a atitude de Luís Montenegro não foi aplaudida genericamente pela maioria dos portugueses. Luís Montenegro enganou-se na avaliação do pensamento dos portugueses. Sinceramente lamento, dada a importância que dou ao 25 de Abril de 1974.
Manuel Morato Gomes, Senhora da Hora
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