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Agora imaginem o rearmamento massivo da Alemanha nas mãos da AfD | Opinião

O secretário de Estado americano, Marco Rubio, ficou muito chocado pelos serviços de informações alemães terem classificado o partido Alternativa para a Alemanha (AfD) como sendo de “extrema-direita”, dando um primeiro passo para a sua ilegalização.

Marco Rubio disse que a Alemanha era “uma tirania disfarçada” e que já “não era uma democracia” e fez a defesa da Alternativa para a Alemanha: “O que é verdadeiramente extremista não é a popular AfD – que ficou em segundo lugar na recente eleição –, mas antes as políticas de imigração de portas abertas do ‘establishment’ a que a AfD se opõe.”

O ministro dos Negócios Estrangeiros alemão respondeu, no X: “A decisão é o resultado de uma investigação independente para proteger a nossa Constituição e o Estado de direito. A palavra final será dos tribunais independentes. Aprendemos com a nossa história que a extrema-direita precisa de ser parada.”

O monstro tem muitos amigos: não só a Administração americana (J.D. Vance é fã, tal como Musk), como o ditador russo Vladimir Putin e uma boa parte dos cidadãos alemães. Mesmo que esta decisão dos serviços secretos tenha concluído que a AfD quer excluir “certos grupos populacionais de igual participação na sociedade para os submeter a um tratamento desigual e inconstitucional”, nada garante que a decisão final dos tribunais não seja impedir a ilegalização da AfD. E mesmo que essa ilegalização da AfD venha a acontecer, a serpente tem muitos ovos, 80 anos depois do fim da Segunda Guerra Mundial, espalhados por toda a Alemanha.

Num momento em que a extrema-direita (ou direita populista) cresce por toda a Europa, o aroma a anos 30 torna-se cada vez mais nauseabundo. Este domingo, tudo indicava que a vitória das eleições presidenciais na Roménia seria de George Simion, um candidato de extrema-direita e grande apoiante de Donald Trump.

A decisão dos tribunais franceses de impedirem Marine Le Pen de se candidatar às próximas presidenciais foi lamentada na Rússia. O senhor Peskov, porta-voz do Kremlin, condenou “a violação das normas democráticas” que, segundo a Rússia, está na origem da decisão que impede a amiga Le Pen de se candidatar a Presidente.

O programa de rearmamento europeu está a ser vendido como uma extraordinária medida para evitar que a Europa fique nas mãos de uma NATO moribunda e do outrora aliado Donald Trump.

O problema é que as armas podem ficar, a muito curto prazo, nas mãos dos amigos de Putin e de Trump. A ideia de que, para combater Putin, a Europa tem que pôr em causa o seu Estado Social para se armar até aos dentes é falaciosa. Daqui a quatro anos, quem é que vai combater Putin? Os amigos dele que estarão no poder devido aos cortes no Estado Social, que necessariamente virão? Não vale a pena sonhar com ladrões: para gastar mais em defesa vai ser preciso cortar em qualquer outro lado.

A Alemanha quebrou a sacrossanta regra constitucional do travão da dívida para poder transformar as fábricas de automóveis em fábricas de canhões.

Só passaram 80 anos desde que a Alemanha começou, pela segunda vez, a última Guerra Mundial. Este rearmamento em massa, que tem o consenso até de “Os Verdes”, o que seria impensável há uns anos, pode num futuro próximo ser dirigido pela AfD ou por um novo partido irmão. Algum europeu defensor da “velha Europa” gostaria de ver a AfD a gerir este potencial armamentista? Pode acontecer.

Foi um milagre a derrota de Hitler na Segunda Guerra Mundial. Os defensores do apaziguamento no Reino Unido eram muitos – não era só Chamberlain. Estaline entrou na guerra (e contribuiu decisivamente para a vitória dos aliados) depois de falhado o pacto Molotov-Ribbentrop.

Nós por cá todos bem – Salazar ficou neutral entre Hitler e os aliados. Na América havia Roosevelt, que também só entrou na guerra (apesar de ter vendido armas aos aliados) depois do assalto a Pearl Harbor. Agora, tem Trump e J.D. Vance, grandes admiradores de uma suposta “pureza étnica alemã” que defende a AfD. Não é só a América que mudou, é a Europa que está numa transformação que só será reconhecida para quem se lembrar dos anos 30. E não existe, entre os dirigentes europeus, nenhum candidato à substituição de Winston Churchill.

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