Eleições Legislativas
Análise
Na análise à campanha eleitoral e ao debate deste domingo, Martim Silva destaca sobre o tema da imigração “a mudança clara de política face ao ciclo anterior”. “Em vez de se dizer que foram regularizados os processos de 100 mil imigrantes, o Governo prefere olhar para os 4.500 [que não é um número muito diferente de anos anteriores] , que são mandados embora”.
Montenegro continua a responsabilizar a oposição pela queda do Governo. No debate que juntou os oito líderes partidários, a esquerda voltou a acusar o primeiro-ministro de eleitoralismo com o tema da imigração. Sobre a Spinumviva, choveram críticas à falta de escrutínio, Montenegro diz que agiu de boa fé.
Questiona sobre se os portugueses ainda ganham com esta discussão, Martim Silva considera que tendo em conta as novidades divulgadas nos últimos dias, nomeadamente ao serem conhecidos um conjunto de clientes da empresa de Luís Montenegro, da Spinumviva, o debate deste tema ainda tem razão de ser.
Inês Sousa Real, do PAN, até disse que o primeiro-ministro conseguiu transformar um problema pessoal num problema do país. Martim Silva concorda com esse ponto de vista.
“Sim, isso é uma evidência. Agora, eu também reconheço e parece-me também uma evidência que não é um tema que pareça surgir como prioritário junto do olhar dos portugueses.
Com os dados que nós temos disponíveis, o que percebemos até à data é que, embora seja um tema que criou moça junto de Luís Montenegro e da AD, isto é, o balanço entre quem entenda que a sua atuação é positiva e negativa, piorou por causa do caso Spinumviva, agora não fez mudar os pratos da balança de modo a que quem aparecia em primeiro lugar há três meses, agora possa não aparecer em primeiro lugar”.
Outro tema que dominou o debate foi a imigração
“O período de campanha eleitoral propriamente dito, estas duas semanas, em que eu já incluo o último fim de semana em que se falou de facto da imigração a propósito da deportação de 4.500 imigrantes, é um período que me parece essencialmente de apelo à emoção”.
“Repare-se, a notícia e a maneira como o Governo cavalgou que vão ser mandados embora 4.500 imigrantes. Parece, à primeira vista, uma mudança clara de política face ao ciclo anterior, um endurecimento das políticas de imigração e um virar de página.
Ora, não é nada disso. O número de 4.500 não é sequer substancialmente diferente de números que anualmente fomos assistindo ao longo da última década.
Provavelmente, o que temos de diferente é um olhar diverso face à mesma política, isto é, quando antes provavelmente se dizia, olha, foram regularizados 100 mil imigrantes, agora em vez de se dizer que foram regularizados os processos de 100 mil imigrantes, isto é, que 100 mil imigrantes podem ficar em Portugal, que é o que está a acontecer, o Governo prefere olhar para os 4.500, que não é um número muito diferente, que são mandados embora.
Eu diria que, desse ponto de vista, é simplesmente um olhar diferente, uma perceção diferente, muito motivada pela forma como, nos últimos anos, o Chega conseguiu marcar a agenda política do ponto de vista da imigração“, realça Martim Silva, na análise na SIC Notícias.
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