Olhares pelo Mundo
Sergio Laus tem dois recordes por surfar as ondas mais longas do mundo, teme que a subida do nível do mar e as secas impulsionadas pelas alterações climáticas, bem como a erosão causada pela agricultura e barragens, estejam a desequilibrar a força da natureza que passou anos a aprender a surfar.
No coração da floresta amazónica, o poder dos rios gigantes combina-se com a atração da gravidade da lua e forma ondas que percorrem dezenas de quilómetros. O surfista brasileiro Sergio Laus, mais conhecido por Serginho Laus, receia que as alterações climáticas e a degradação ambiental signifiquem que estas ondas, conhecidas por pororocas, possam ter os dias contados.
Numa manhã de abril, com a Lua ainda no céu, percorreu dezenas de quilómetros pela lama até ao rio Mearim, na ponta oriental da Amazónia, para surfar a maior pororoca e destacar o risco que pode levar ao desaparecimento deste fenómeno. As ondas lamacentas de dois metros de altura que se formaram à medida que o rio se estreitava entre os exuberantes mangueiras das margens impressionaram Sergio Laus, tal como sempre.
“Uma onda quebra e dissolve-se”, diz o surfista à agência Reuters, referindo-se às ondas do oceano. “Esta vai ganhando intensidade. É um tsunami amazónico.”
Ainda assim, as ondas eram cerca de metade do tamanho das que Laus estava acostumado a ver há uns anos – e até menores do que as ondas de cinco metros que costumava surfar no rio Araguari, mais a Oeste, antes de a erosão causada pela agricultura e pelas barragens nas proximidades secarem as pororocas mais poderosas do Brasil.
As pororocas, também conhecidas por macaréus, não são um fenómeno exclusivo desta zona do globo, mas na Amazónia estão claramente a enfraquecer.
Serginho Laus que já bateu dois recordes por surfar as ondas mais longas do mundo, teme que a subida do nível do mar e as secas impulsionadas pelas alterações climáticas, bem como a erosão causada pela agricultura e barragens, estejam a desequilibrar a força da natureza que passou anos a aprender a surfar.
Laus já surfou pororocas da Indonésia ao Canadá
O surfista espera que a 30ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP 30) que terá lugar na cidade amazónica de Belém, em novembro, “traga uma nova esperança”.
O nome pororoca significa grande estrondo na língua indígena Tupi – o estrondo do choque entre o oceano e o rio que gera uma onda de maré.
À medida que a Lua se aproxima da Terra, alguns rios são empurrados pela água do oceano levantada pela sua força gravitacional. A onda cresce à medida que um rio profundo se torna raso.
Estudos mostram que as alterações climáticas tornaram algumas partes da Amazónia mais quentes e perturbam os padrões de chuva que mantêm o volume de água nos seus rios constante.
Laus já surfou pororocas em todo o mundo, na Indonésia, China e Alasca, e planeia continuar a procurar novas ondas de maré ao redor da Amazónia, bem como em Papua-Nova Guiné e no Canadá.
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