Afinal era só jogo
Afinal, a problemática do tema “Spinumviva” era só um jogo para chegar ao poder. Embora haja questões por esclarecer e se mantenha o ilegítimo facto de Luís Montenegro ter exercido o cargo de primeiro-ministro sem exclusividade, já ninguém fala do assunto. (…). Aqui, Montenegro ganhou o jogo e ficou por cima dessa brincadeira (desrespeitosa) acerca da ética. (…) O erro de Pedro Nuno Santos foi ter sido frouxo com esse tema nos debates. As pessoas não querem líderes frouxos; aliás, o que as pessoas parece quererem é “líderes” que sejam (pseudo) corajosos, por exemplo, denunciando (alegados e, por vezes, falsos) erros nos outros. Aparentemente, Ventura assim fez e faz, mas sem nunca apresentar qualquer medida concreta (na maioria dos debates), a não ser chavões ocos (ou medidas extremistas, sem estudos ou fundamento). Nada do programa eleitoral de mais de 200 páginas do Chega foi apresentado na maioria dos debates – pois nem sequer existia (até que foi tardiamente apresentado, obviamente, como tática do jogo, para que ninguém pudesse criticar medidas, dada a sua omissão). Assim se concebeu um novo líder da oposição, que, como um adolescente, critica(va) tudo e todos, como forma de se afirmar pela diferença, mas sem maturidade para contrapor alternativas concretas, viáveis e realistas. Duvido que a maioria dos votantes do Chega tivesse conhecimento das medidas deste partido e respetivas consequências. (…) Como já há muitos exemplos atualmente, quando os populistas chegam ao poder, desnuda-se a hipocrisia e instala-se a crise socioeconómica. A nossa sorte é que o Chega (ainda) não conseguiu “chegar” ao Governo; esperemos que nunca “chegue”. Mas não será impossível, pois estamos na era das redes sociais. O problema é que nesta realidade, nesta era, uma grande percentagem de pessoas acredita em tudo o que nelas aparece; são seduzidas pelos (pseudo) espetáculos “tic-toquianos” (como quem acredita que o álcool dá felicidade), com estímulos primários e, portanto, mais influentes, ainda que patéticos (e que, segundo alguns jornalistas comentaram, também foram difundidos pelo Chega). (…) O jogo político da corrida ao poder mais parece um jogo de atores numa “revista à portuguesa”. (…)
Luís Filipe Rodrigues, Santo Tirso
À OM: calados, não!
Desculpem, mas é-me impossível ficar calado! O PÚBLICO deu-nos a conhecer na última semana o seguinte: “Robert F. Kennedy [secretário de Estado da Saúde do governo dos EUA] considera revistas científicas reputadas, como a The Lancet, The New England Journal of Medicine e a JAMA como sendo todas corruptas”, dizendo que pode impedir cientistas de publicar em revistas médicas de topo. Já antes o JN noticiou que “Relatório do governo Trump sobre saúde dos jovens cita fontes inexistentes”. Para trás fica a posição anti-vacinas do mesmo senhor.
Daqui faço um apelo público à Ordem dos Médicos (OM) portuguesa para dizer – alto e bom som – que tudo isto é uma aleivosia irracional, pois a Medicina é uma ciência universal e daí todos falarem a mesma linguagem, benéfica para a Humanidade. Por mim, começo por aqui e prometo que tentarei falar com o bastonário, cara a cara, para lhe pedir o mesmo. Prefiro ser quixotesco a cúmplice num silêncio que tem tudo o que de mal a minha condição de médico não pode nunca possuir.
Fernando Cardoso Rodrigues, Porto
As mesquitas de Rui Moreira
Em boa hora, Rui Moreira deu o dito por não dito e recuou na pretensão de ceder dois imóveis na cidade do Porto para a comunidade do Bangladesh edificar duas mesquitas. Custa a acreditar que, com tantas famílias necessitando de casa, tantos sem-abrigo deambulando pela “Invicta”, o edil portuense fosse dar cobertura a essa pretensão. A comunidade islâmica deve ser respeitada, mas é necessária uma avaliação dos pedidos. A política portuguesa caminha para o fortalecimento do Chega. Apetece dizer que André Ventura nem precisa de fazer campanha.
Ademar Costa, Póvoa de Varzim
Dia da criança em Gaza
Ao pensarmos nas crianças de Gaza, ontem que foi o Dia Mundial da Criança, devemos sentir-nos profundamente envergonhados, pois, para elas, será mais um dia de fome, enquanto nós, consciente ou inconscientemente, as temos abandonado às mãos da vontade criminosa de Netanyahu. Como será que estas crianças olharão para os israelitas e para todos aqueles que não as têm ajudado, como elas mereciam?
Manuel Morato Gomes, Senhora da Hora
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