O cavaleiro inexistente
Como no livro de Italo Calvino, O cavaleiro inexistente, Gouveia e Melo parece uma armadura polida e rígida, impecável, mas oca.
Agilulfo, o cavaleiro da armadura, “que tão depressa sente inveja como superioridade face às emoções humanas, começa a dissolver-se sempre que a realidade se torna incerta. Por isso, executa meticulosamente cada tarefa, encaixando às mil maravilhas num meio onde cada palavra e gesto são previsíveis”. Foi esse o discurso de candidatura.
Mas escolher Rui Rio para mandatário de um candidato dito apartidário, um PSD ex-dirigente partidário, é a primeira contradição do nosso cavaleiro inexistente.
Afinal quem investe na candidatura de Gouveia e Melo? Quando em cima da mesa estão exigências da NATO de investimento de milhares de milhões na Defesa, a presença na apresentação da candidatura de Gouveia e Melo de Ângelo Correia, ex-membro do Conselho de Estratégia das Indústrias de Defesa Nacionais, que assessora transacções de equipamentos militares, pode ser uma boa pista.
José Cavalheiro, Matosinhos
Marques Mendes e Duarte Marques
Duarte Marques, director da campanha de Marques Mendes, comenta que o apoio de Rui Rio a Gouveia e Melo é um acto de vingança de Rui Rio contra a AD e contra Luís Montenegro. Portanto, e numa análise mais profunda do que vai na cabeça de Duarte Marques, este senhor vê a política como uma sucessão de vinganças por parte dos eleitores: por exemplo, umas vezes vingam-se do PS votando no Chega, outras vezes vingar-se-ão do Chega votando no PS, etc.. Visão muito restrita e perigosa da democracia pluripartidária por parte de Duarte Marques. E assim, mais uma vez se demonstra que não é a estatura física que distingue as pessoas grandes das pequenas. A “estatura” moral é que define os que são grandes e os que são pequenos. E tudo isto tem uma motivação profunda: o medo!<_o3a_p>
José Madureira, Mirandela
Descentralização administrativa
Desde há muitos anos que grande parte das nossas populações luta para que se faça juridicamente um processo de transferência de poderes, principalmente as que estão longe do poder centralizado da capital. A centralização de poderes é altamente prejudicial às populações, a exemplo do que se passa na actual lei que concede poderes às freguesias locais, que no meu entender desvirtua o carácter de direito a julgar em causa própria.
As actuais uniões de freguesia são o pior exemplo da falta de respeito pelos direitos das populações, uma vez que este modo de gerir prejudica todas as freguesias envolvidas, dado que todos os meios disponíveis serão sempre a dividir por todas as freguesias da união, nomeadamente recursos humanos e financeiros.
A actual lei n.º 75/2013, de 12 de Setembro, tem um carácter demasiado centralista, atribuindo às câmaras municipais a fatia de leão, tornando as freguesias parentes pobres no contexto das autarquias no seu conjunto. Deverá ser inevitável e de curto prazo a futura descentralização de poderes, sendo fundamental alterar a actual lei de modo a permitir um novo modelo de gestão das freguesias, onde possamos gerir melhor os nossos meios financeiros, mas também os nossos destinos.
José Ribeiro, Vale da Amoreira
PSD e PS não podem continuar a desiludir!
A instabilidade tornou-se a marca dos nossos tempos. Vários problemas complexos, compõem um retrato de um mundo em permanente estado de alerta: conflitos armados, crises políticas, mudanças climáticas e choques económicos.
A guerra voltou a ganhar protagonismo. O novo ciclo de insegurança na Europa pelo arrastar da guerra na Ucrânia, e a escalada interminável da violência no Médio Oriente, entre Israel e os palestinianos, prolonga-se sem perspectiva de resolução.
Outra ameaça é a dos regimes autoritários e os partidos de extrema-direita, que ganham força em muitas partes do globo, afrontando normas democráticas e limitando liberdades civis. Apoiados pelas redes sociais, que amplificam narrativas extremistas, pervertendo o debate público e corroendo os compromissos com a paz, a justiça e a sustentabilidade.
No plano económico, os efeitos são calamitosos. Milhões enfrentam a pobreza. A crise climática é um problema latente, que exige respostas imediatas dos governos e da sociedade.
Os portugueses esperam resoluções concretas: melhores salários, um sistema de saúde digno, melhor acesso e melhor educação, habitação mais acessível, menos desigualdade. Há um cansaço colectivo. São necessárias mudanças eficazes — sob pena da extrema-direita continuar a arrastar consigo os desiludidos, os indiferentes e os que não acreditam nos políticos de sempre.
Esta instabilidade é sentida à nossa porta, com consequências graves a todos os níveis. Será o novo Governo capaz de navegar em águas tão turbulentas até bom porto?
Carlos Oliveira, Funchal
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