Repórteres do Mundo
Num cenário que parece saído de um filme distópico, uma pequena aldeia no Panamá está a travar uma batalha desigual contra um projeto que promete mudar para sempre a paisagem e a vida de milhares de pessoas.
A construção de um gigantesco reservatório, justificada pela escassez de água que afeta até o Canal do Panamá, ameaça submergir 10 aldeias e forçar o realojamento de cerca de 2.500 residentes.
A igreja, os campos onde hoje pastam cavalos, as casas onde famílias vivem há gerações, tudo será engolido pelas águas. Marciella lamenta a decisão do Governo.
“Isto aqui vai ficar submerso. A minha casa também. E a dos meus pais.”
A notícia chegou de forma abrupta: todos terão de sair, sem saber para onde vão.
Abastecer o Canal do Panamá
O objetivo do novo lago é garantir o abastecimento de água ao Canal do Panamá, vital para o comércio marítimo global, e também à capital, Cidade do Panamá. Com a seca a comprometer o funcionamento das eclusas, o Governo considera o projeto inevitável.
“Em 2030, 2031, teremos de começar a encher o lago.”
A certeza do diretor do Canal do Panamá contrasta com o desespero dos moradores. Claudio, outro residente, fala de um impacto devastador.
“Será a nossa morte. Vão tirar-nos a vida. O que restará para os nossos filhos e netos? É profundamente triste.”
Eugenio sempre viveu em Limón. Fez vida a transportar pessoas para as aldeias que não têm acesso por estrada. A notícia da construção do reservatório deixou-o revoltado.
“É difícil sair de um dia para o outro por causa de um projeto para milionários, do qual nós, no campo, não tiramos qualquer benefício.”
Em assembleias comunitárias, os habitantes discutem estratégias de resistência: ações judiciais, petições ao parlamento, propostas de alternativas para a localização do reservatório. A indignação cresce mas o tempo corre contra estas 10 aldeias. As demolições podem começar já no próximo ano.
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