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Morre Francisco Cuoco, um dos grandes galãs da TV brasileira, aos 91 anos | Óbito

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Francisco Cuoco, um dos maiores galãs da televisão brasileira, célebre por protagonizar novelas como Selva de pedra e O astro, na TV Globo, morreu nesta quinta-feira (19), aos 91 anos.​

​A informação foi confirmada pela família do ator, que o acompanhava em idas e vindas ao hospital nos últimos meses.

Há dois meses, Cuoco afirmou à Folha que estava orgulhoso da própria trajetória. “Sei que não foi à toa. Foi baseado em empenho, em entrega, em busca de igualdade. Passaram-se anos e experiências foram acumuladas. Eu perdia tempo, mas depois obtinha resultado”. Agora, disse depois, queria mesmo era só “tocar o barco”.

​Ele atendeu a reportagem no apartamento onde morava com a irmã nos últimos anos. Estava acompanhado dela e de duas cuidadoras. Pesava cerca de 130 quilos, tinha problemas de locomoção e já não conseguia ficar de pé sozinho.

​Ele sofreu uma piora no último ano. Em julho passado, recebeu a equipe da TV Globo em casa para gravar um depoimento ao programa Tributo, que foi ao ar em maio. À época, o artista estava menos debilitado.

​Cuoco vinha levando a vida como podia. Se não no hospital, estava na sala de casa vendo televisão. Lembrava pouco dos próprios personagens —precisou de ajuda, por exemplo, para recordar os feitos do seu Herculano Quintanilha, da novela O astro, de 1977, um dos vários papéis na TV que o ajudaram a consolidá-lo como um dos maiores de sua geração.

Cuoco não se destacou exatamente como um daqueles intérpretes virtuoses capazes de grandes transformações em cena. Ao contrário, construiu sua carismática identidade com uma galeria de personagens parecidos uns com os outros, sempre marcados pela voz grave e rouca, olhares sedutores, virilidade e um leve traço noir no jeito de falar.

Esse perfil fez de Cuoco um dos grandes nomes da história da TV brasileira, com forte presença em novelas da Globo, sobretudo a partir do fim dos anos 1960, onde contracenou com as principais atrizes de sua geração —tais como Glória Menezes e Regina Duarte—, encarnando os principais papéis da época, em novelas como as de Janete Clair.

​O ator nasceu em novembro de 1933 em uma família pobre do Brás, bairro que foi reduto de italianos na capital paulista. Seu primeiro emprego foi como feirante, ajudando o pai. No início dos anos 1950, começou a intercalar essa atividade com o curso da Escola de Arte Dramática, hoje ligada à Universidade de São Paulo.

Cuoco estreou profissionalmente no teatro em 1958, ao lado de Fernanda Montenegro e Sérgio Britto. Fazia, na peça A Muito Curiosa História da virtuosa matrona de Éfeso, com direção de Alberto D’Aversa, um gladiador que já entrava morto em cena. Não tinha falas.

No ano seguinte, acompanhou Montenegro e Britto na formação do Teatro dos Sete, companhia que contava ainda com o diretor Gianni Ratto e o ator Ítalo Rossi, entre outros profissionais.

Paralelamente ao trabalho nos palcos, começou a fazer teleteatro na TV Tupi e, em 1964, estrelou sua primeira novela, Marcados pelo amor, de Walther Negrão e Roberto Freire, na TV Record. Foi um papel importante para que fosse reconhecido como um dos galãs mais populares da época.

“Eu era especial. Tenho fotografia da época e vejo que era um ‘galãzura’ mesmo”, disse ele, em sua última entrevista.



Francisco Cuoco e Arlete Salles em Selva de pedra, de 1972
Divulgação/IMDB


Em 1966, protagonizou a novela Redenção, de Raimundo Lopes. Dois anos depois, fez pela primeira vez par romântico com a atriz Regina Duarte em Legião dos esquecidos, do mesmo autor, na TV Excelsior. Os dois reapareceram como casal em outros títulos, entre elas, Selva de pedra, 1972, um dos maiores sucesso de audiência da Globo, com enredo dramático e policialesco.

Outros personagens carismáticos de Cuoco incluíram Carlão, taxista de Pecado capital, de 1975, bem como o charlatão Herculano de O astro, ambas de Janete Clair. O ator tinha uma relação especial com ela —foi considerado uma espécie de pupilo da novelista, que deu a ele uns dos seus papéis mais emblemáticos.

Marco da teledramaturgia, O astro ganhou nova versão em 2011, com Cuoco assumindo papel secundário na trama. Herculano, na segunda edição, foi interpretado por Rodrigo Lombardi, que chama o veterano de herói. “Se botar os grandes atores no liquidificador, o elixir que goteja é Francisco Cuoco”, diz.

O ator também fez jornada dupla em outra novela de grande sucesso, O outro, de 1987, de Aguinaldo Silva, na qual interpretava dois papéis: o empresário Paulo Della Santa e seu sósia, Denizard de Mattos. Um não sabia da existência do outro até certo ponto da trama, e a possibilidade do encontro criava suspense.

Por causa do trabalho na TV, nos anos 1990, Cuoco passou longo período longe dos palcos, mas reaproximou-se das artes cênicas em 2004, com Três homens baixos, de Rodrigo Murat, um besteirol em que amigos debochavam dos próprios problemas sexuais e das crises derivadas da maturidade.

O ator voltou a subir ao palco em Circuncisão em Nova York, em 2008, com texto de João Bethencourt. Depois, em 2009, ao lado de Fernanda Torres, fez Deus é química. Em 2013, protagonizou Uma vida no teatro, com texto de David Mamet e direção de Alexandre Reinecke, espetáculo com rasgos de comicidade.

Ainda que com menos destaque, no cinema, nas últimas décadas, Cuoco fez Traição, de 1998, filme de José Henrique Fonseca e Arthur Fontes, Gêmeas, de 1999, de Andrucha Waddington, e Um anjo trapalhão, de 2000, de Alexande Boury e Marcelo Travesso, e Cafundó, de 2005, de Clóvis Bueno e Paulo Betti.

Em sua trajetória, também arriscou-se como cantor, gravando o disco romântico Soledad, em 1975. Gravou ainda o CD Paz interior, com 16 orações católicas.

Cuoco deixa três filhos, Rodrigo, Diogo e Tatiana, que mora em Londres e veio visitar o pai no hospital, mas quando ele já estava sem consciência.

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