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“Se o Irão for muito pressionado e maltratado, pode começar a disparar para todo o lado”

Guerra no Médio Oriente

Entrevista SIC Notícias

O ex-ministro da Economia, António Costa e Silva, recorda que, em 2015, Obama, juntamente com França, Reino Unido, Alemanha, Rússia, China, e com o envolvimento da Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA), conseguiu um acordo nuclear com o Irão. No entanto, em 2018, Trump, durante o primeiro mandato, decidiu sair do acordo, uma decisão que, segundo o antigo ministro, causou o “descontrolo total”. 

Numa altura em que a tensão no Médio Oriente parece não abrandar, pelo contrário, António Costa e Silva, ex-ministro da Economia, diz que o Irão tem “material para fazer uma bomba nuclear”. Em entrevista à SIC Notícias, o antigo membro do Governo, que também aponta o dedo à administração Trump, garante que os iranianos já “retiraram 400 quilos ou mais de urânio enriquecido de Natanz, de Fordow” e de outras instalações nucleares. 

Na sua intervenção na antena da SIC Notícias, o também ex-presidente da comissão executiva da Partex Oil e Gaz começa por criticar o “representante do movimento da extrema-direita norte-americana”, Donald Trump, por estar a “demolir tudo o que é o sistema internacional e a demolir dentro dos Estados Unidos as instituições”. 

“Nós temos hoje uma guerra civil nos Estados Unidos, do presidente contra os tribunais, contra os funcionários públicos, contra as universidades, contra o presidente da Reserva Federal Americana, que apelida dia sim, dia não, de imbecil, e, portanto, viola completamente o princípio da independência do Banco Federal, da Reserva Federal Norte-Americana, e temos todo o conjunto de políticas económicas que tem adotado, sobretudo as tarifas, que é um cocktail de políticas tóxicas”, acusa. 

Para o antigo ministro o ataque dos EUA contra território iraniano foi “um pretexto” para acabar com o regime vigente no país, mas significa também, defende, que Trump fez “uma leitura profundamente errada da situação no Médio Oriente”. 

O acordo nuclear de 2015

António Costa e Silva recua a 2015, ano em que Obama, juntamente com França, Reino Unido, Alemanha, Rússia, China, e com o envolvimento da Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA), conseguiu um acordo nuclear com o Irão. Desde então, a AIEA tem monitorizado a situação. 

No entanto, em 2018, Trump, durante o primeiro mandato, decidiu sair do acordo, uma decisão que, de acordo com o ex-ministro, causou o “descontrolo total”. 

“Substituiu essa saída do acordo por uma intervenção numa guerra que ninguém sabe como é que se vai sair daqui”, considera. 

Quanto ao Irão, António Costa acredita que tem “material para fazer uma bomba nuclear”, mas refere que o seu paradeiro é desconhecido. Acredita ainda que os iranianos já “retiraram uns 400 quilos ou mais de urânio enriquecido de Natanz, de Fordow” e de outras instalações nucleares. 

“Uma bomba nuclear exige apenas 15 quilos de urânio enriquecido. Eles têm mais de 400 quilos. E, portanto, nós, em vez de nos mantermos no acordo que foi negociado, de ter toda a Agência Internacional de Energia Atómica a monitorizar e controlar tudo o que podiam ser situações perigosas, estamos hoje, por causa do Presidente Trump e da sua narrativa, e ele é muito bom em narrativas, que cede completamente a Netanyahu, e tem os Estados Unidos hoje prisioneiros da estratégia, de Israel”, atira. 

O antigo ministro da Economia acredita que, se o Irão “for muito pressionado e maltratado, pode começar a disparar para todo o lado”. 

Tensão no “coração do sistema petrolífero e energético internacional”

António Costa e Silva lembra ainda que a tensão no Médio Oriente cresce no “coração do sistema petrolífero e energético internacional”, uma vez que ali ao lado encontra-se o “maior campo de petróleo do mundo”, o campo de Ghawar, na Arábia Saudita. 

Outra questão abordada pelo ex-ministro é o eventual encerramento do Estreito de Ormuz, o que, a confirmar-se, representaria o “encerramento das economias asiáticas”: 

“Quando se fala dos 20 milhões de barris de petróleo que circulam ali [pelo Estreito de Hormuz], por dia, é preciso dizer que representa 86% das importações do Japão, 82% das importações da Coreia do Sul, cerca de 80% das importações da China, cerca de 30% das importações da União Europeia.” 

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