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Prefiro ver o Benfica ganhar o Torneio do Guadiana do que Portugal ser campeão do mundo

Ricardo Araújo Pereira é o sócio número 12.049 do Benfica — um título que ostenta com orgulho, embora a ligação pudesse ter começado mais cedo.

“Fizeram-me sócio aos 10 anos. As minhas filhas são sócias desde que nasceram”, afirma. Aos 51 anos, conta já com mais de quatro décadas como associado do clube do coração.

A ligação ao clube é tão forte que, atualmente, o humorista sente que “falta qualquer coisa”:

“Neste momento, o Benfica não é campeão nacional e sinto que falta qualquer coisa. Parece que tenho uma daquelas pedras pequeninas no sapato”, confessa.

Apesar de assistir aos jogos da Seleção nacional, reconhece que o sentimento não é igual.

Quando o tema é a Seleção Nacional, embora aprecie as vitórias de Portugal, o humorista reconhece que o envolvimento emocional é diferente.

“Se preferia ver o Benfica ganhar uma Champions do que Portugal ser campeão do mundo? Os meus compatriotas não vão gostar da minha resposta — e ela vai ser pior do que estão à espera”, avisa, preparando o terreno para a confissão seguinte:

“Se me disseres Torneio do Guadiana ou Mundial, eu prefiro o Torneio do Guadiana. Porque o Benfica vencer essa competição [de pré-época] não é uma coisa despicienda. Uma vitória no Torneio do Guadiana pode gerar uma moral que faz com que o Benfica entre bem na primeira jornada e assim sucessivamente.”

“Não quero um cargo no Benfica, nem uma avença. Só quero uma coisa: que o Benfica ganhe”

Ricardo Araújo Pereira não tem dúvidas sobre qual é o seu lugar no universo benfiquista: fora das estruturas do clube, mas sempre atento ao seu percurso.

“Não quero um cargo no Benfica, nem uma avença, nada. Só quero uma coisa: que o Benfica ganhe. Esse é o meu único interesse”, afirma.

O humorista apoiou João Noronha Lopes nas eleições de 2020, quando este se apresentou como candidato à presidência, contra Luís Filipe Vieira, e volta agora a fazê-lo para o sufrágio marcado para outubro.

“Conheci o Noronha Lopes porque ele me enviou uma mensagem a dizer que se ia candidatar ao Benfica e queria falar comigo. Gostei do que ouvi e agora o que desejo é que ele ganhe as eleições. Depois, aperto-lhe a mão e vou para casa assistir e avaliar, como fiz com todos os presidentes”, explica.

Desde que tornou pública a sua posição, conta que tem sido alvo de uma “enorme onda de sujeira”, algo que lhe causa ainda mais perplexidade por, garante, não ter qualquer ambição pessoal no clube.

“Não ando à procura de uma avença com o Benfica ou de qualquer cargo. Já fiz vários trabalhos para o clube — como sketches ou a apresentação de uma gala — e nunca cobrei nada, porque isso seria como cobrar dinheiro à família.”

E deixa um exemplo claro do distanciamento que quer manter:

“Se me dessem um cargo no hóquei em patins, por exemplo, eu recusava. E recusava para bem do Benfica. Só tenho um interesse no Benfica: quero que o Benfica ganhe. Nada mais.”

“Rui Costa foi um grande jogador, mas não votei nele. Penso o que sempre pensei: não estava habilitado a tomar conta do clube”

Ricardo Araújo Pereira distingue de forma clara o jogador Rui Costa do atual presidente do Benfica.

“Lembro-me de um Benfica-Parma em que o Rui Costa tira três adversários do caminho e faz um passe para golo do Isaías com uma tremenda elegância. Fiquei maravilhado com aquilo. Mas isso é uma coisa”, recorda.

O humorista sublinha que Rui Costa integrou a direção de Luís Filipe Vieira, não como “emblema, reserva moral ou guardião de uma certa memória”, mas com funções executivas.

“Se fosse assim, perdoávamos certas insuficiências. Mas Rui Costa tinha outras funções. Ainda agora foi a tribunal e disse que assinava documentos e contratos sem ver”, aponta.

Para Ricardo Araújo Pereira, este tipo de atuação é inaceitável:

“Não há qualquer presidente de uma grande empresa que possa dizer isto impunemente. Não é possível.” E reforça que o mérito como jogador não é suficiente para liderar uma instituição como o Benfica: “O facto de ter sido um grande jogador não o habilita nem o desabilita para ser presidente. São coisas diferentes.”

Critica ainda uma visão simplista da gestão desportiva:

“Aquela ideia do ‘bom, mas eu percebo de futebol’ não é assim. O trabalho de dirigente requer um saber de futebol diferente. Caso contrário, não teríamos contratado o Jurasek”, exemplifica.

Sobre o desempenho de Rui Costa enquanto presidente, mantém a posição que sempre teve:

“Parece-me que ele não estava habilitado a tomar conta do clube. Mesmo nas últimas eleições, em que concorreu com Francisco Benítez, não votei em Rui Costa.”

“No fundo do meu telemóvel, tenho uma foto do Eusébio. Não tenho das minhas filhas porque as minhas filhas nunca marcaram um golo pelo Benfica”

É uma história que Ricardo Araújo Pereira já contou várias vezes, mas que continua a guardar como um dos momentos mais marcantes da sua vida. Certo dia, enquanto seguia de carro com os pais, viu Eusébio a tentar apanhar um táxi. Pediu ao pai que parasse e dirigiu-se ao antigo jogador para lhe oferecer boleia.

“Ele estava com dificuldades em apanhar um táxi porque iam todos ocupados. É logo algo que não faz sentido. Se o Eusébio quer um táxi, a outra pessoa tem de sair e deixá-lo entrar. É isso que faz sentido”, recorda.

Eusébio aceitou o convite. Tinha de chegar ao aeroporto de Lisboa, de onde o Benfica partiria para um estágio.

“Eu não conseguia falar. Estava perto de uma divindade. Mas os meus pais, que não são crentes, foram sempre a falar com ele”, conta, entre risos.

Durante a viagem, o pai de Ricardo contou um episódio curioso: certo dia, numa piscina onde se encontravam vários jogadores do Benfica, teve uma cãibra dentro de água. Foi Eusébio quem o retirou da piscina e lhe deu uma picada no músculo para aliviar a dor.

“E o Eusébio, muito simpaticamente: ‘Então não me lembro?’ Eu, sempre calado.”

No dia seguinte, o jornal A Bola noticiava que Eusébio tinha sido o único a chegar a horas ao aeroporto, referindo apenas que “se deslocou por meios próprios”.

“Era como se o carro do meu pai tivesse sido nacionalizado e dado ao Eusébio — o que acho bem e lícito”, comenta com humor.

Hoje, guarda uma imagem desse ídolo sempre por perto. No fundo do telemóvel, está uma fotografia de Eusébio com a camisola do Benfica.

“O Eusébio está impecável em todas as fotos. Às vezes perguntam-me: ‘Então tens uma foto do Eusébio em vez de teres das tuas filhas?’ E sou obrigado a responder: ‘As minhas filhas não marcaram um golo pelo Benfica.'”

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