Um jornalista tem a obrigação de respeitar os factos. É em nome deles que importa fazer uma breve reflexão sobre fundamentos e razões de sucessos (ou insucessos) da Informação da RTP. Como se diz no Projeto Estratégico 2024-2026, aprovado pelo Conselho Geral Independente da RTP, “ter uma informação de elevada qualidade e confiança é o principal motor do Serviço Público de Media“. Sendo este o principal objetivo, o trabalho dos profissionais da RTP tem sido amplamente reconhecido, incluindo pela administração da RTP, e há poucos dias, mais uma vez, pelo Digital News Report (Reuters/Universidade de Oxford/Obercom), que considerou a informação da RTP a mais confiável em Portugal.
A confiança é, como sabemos, o capital mais importante do jornalismo. Não se questiona a independência e o pluralismo do serviço público pela simples razão de que os seus profissionais o têm acautelado e defendido. A liberdade e a independência não são uma concessão dos poderes, internos ou externos. Resultam da atitude dos que fazem jornalismo. Não resultam da ausência de pressões – existiram, existem e existirão sempre –, mas das respostas de quem lhes faz frente. A experiência diz-nos que é pelos atos que se avalia.
A responsabilidade pela Informação de Televisão da RTP é transversal a todos os canais e plataformas. Inclui a RTP1, a RTP2, a RTP3 e os conteúdos informativos no digital, nomeadamente a RTP Notícias. O caderno de encargos da Direção de Informação (DI) é muito maior do que a gestão da RTP3. São muitas horas de emissão numa oferta alargada que inclui todas as operações especiais de informação e muitas centenas de horas de narrações e reportagem de múltiplas modalidades desportivas. Em 2024, por exemplo, a oferta de informação na RTP1 representou 42% do total.
Mas se a confiança, a qualidade e a independência não estão em causa, mesmo que todos os dias tenhamos de lutar por elas, parece estar apenas em causa a audiência de um só canal, a RTP3, que se diz continuar a afundar. É falso. E não é uma questão de opinião. É factual. No presente trimestre está acima do período homólogo de 2024. Em 2024, teve o mesmo share de 2023. Em 2024, os nossos concorrentes diretos perderam audiência, ao contrário da RTP3. Em resumo, nestes últimos três anos não houve quebra de audiência na RTP3. O rating de 2024 até foi superior ao de 2023. Já agora, as audiências dos principais formatos informativos diários (seja o Telejornal, o Jornal da Tarde ou o Portugal em Direto) ou não diários (Linha da Frente ou A Prova dos Factos) estão a crescer. O mesmo se pode dizer da área de notícias no digital, que teve crescimentos acima dos 30% no ano passado.
Estamos satisfeitos? Não. Por isso, há vários anos que alertamos e insistimos na necessidade de renovação dos estúdios, das condições de trabalho na redação, da sua organização e da imagem da informação. Foi por persistente proposta da DI que avançámos há um ano e meio para um projeto ambicioso, intitulado Casa das Notícias, cuja primeira fase se concluirá dentro de pouco mais de dois meses. Foi por nossa iniciativa que se avançou para um novo estúdio de informação no Porto, dois estúdios completamente remodelados em Lisboa, uma nova imagem para a informação e a reformatação do canal de informação, incluindo a sua marca. Porque é preciso fazer mais e melhor, estivemos a trabalhar com todas as áreas da empresa e com o acompanhamento permanente de um vogal da administração da RTP e a assessoria técnica e editorial da EBU. Por alguma razão, até agora por explicar, se quis interromper este processo.
Orgulho-me do trabalho realizado, do esforço que todos colocámos nos múltiplos desafios destes anos: da pandemia às guerras da Ucrânia e no Médio Oriente, da Jornada Mundial da Juventude a sucessivas campanhas eleitorais. Mesmo com menos recursos, respondemos com qualidade e prontidão. Estou certo de que assim continuará a ser. Os portugueses precisam de uma RTP livre e independente, que não mude ao sabor de equívocos ou dos ciclos políticos.
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