Humorista faz um apelo para que esta tragédia leve a uma abordagem mais positiva à forma de viver em geral
Nuno Markl disse que a notícia da morte de Diogo Jota e do irmão, André Silva, foi como uma “avalanche de pedras” que se abateu sobre si. Num post emotivo no Instagram, o humorista, que já várias vezes admitiu não ligar ao fenómeno do futebol, afirmou que esta tragédia acabou por ter um impacto diferente pela proximidade e porque “o auge de felicidade profissional e pessoal tende a plantar uma enganosa semente de imortalidade”.
“Como é público, sou um analfabeto futebolístico. Não tenho orgulho nisso: a minha distância em relação ao futebol foi um acidente. Não calhou interessar-me na altura certa. Por isso não sabia bem quem era o Diogo Jota, nem o irmão, André Silva. Mas esta notícia, que recebemos esta manhã numa emissão em que estávamos bem destravados, caiu-me que nem uma avalanche de pedras. Foi paralisante. Lidamos com várias formas de morte a todo o instante – começando logo pelas guerras que todos os dias varrem da face da Terra uma quantidade insana de inocentes, a um ponto – perigoso – em que o público começa a ficar algo anestesiado, quase habituado. A morte destes dois jovens irmãos bate de uma forma próxima porque reforça todos os clichês batidos mas verdadeiros sobre a vida e a morte. É uma lotaria maldita que nos chama à Terra: o auge de felicidade profissional e pessoal tende a plantar uma enganosa semente de imortalidade. Não é dita nem processada dessa maneira, mas existe um certo espírito “impossível acontecer algo de mal nesta altura e a pessoas boas e gentis”. Mas nada vale nada. Pode calhar a qualquer um, a qualquer instante. A fragilidade de tudo nunca cessa de me espantar, sempre que me é recordada com uma pancada destas”, começou por dizer o radialista e apresentador de TV, dando o mote para uma abordagem mais positiva à forma de viver, face à fragilidade da vida humana.
“O que me leva sempre a outro clichê: porque raio vivemos nesta fúria constante? O tempo que vejo pessoas perder em zaragatas inúteis nas redes sociais. Ou em zaragatas inúteis na vida. O interruptor pode ser desligado a qualquer instante, de qualquer maneira. Mas sei que isto vai abalar-nos uns dias e daqui a pouco já estamos outra vez a achar que temos tempo suficiente para nos darmos ao luxo de o investir em tensões e merdas inúteis e torturantes. Está-nos na natureza, mas talvez não devêssemos resignar-nos à natureza e aprender alguma coisa. Num post feliz de ontem, publicado a horas do seu fim, o Diogo Jota mostrava o seu casamento, ocorrido há dias. É doloroso pensar como o seu “para sempre” foi tão curto. Inimaginável a dor de quem fica. Os juízes das redes sociais dirão que tragédias anónimas como esta acontecem a toda a hora sem tributos. Que o tributo ao Diogo seja a todos, e à reflexão a que a certeza da tragédia nos devia obrigar”, rematou.
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