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A cantora e atriz potiguar Juliana Linhares subiu ao palco principal do MIMO Festival com uma interrogação: como a plateia internacional receberia um show com sotaque, sabor e calor completamente brasileiros em uma cidade quase milenar como Amarante, no Norte de Portugal? Resposta: “Entregamos um show cheio de cores, alto astral, bonito e potente. O retorno foi muito positivo, e o público trocou muito com a gente”. A declaração da artista resume a noite de abertura da edição número 62 do evento, de democracia da arte, que começou na sexta (18/07) e termina nesse domingo (20/07), com um total de 26 atrações de 13 países, como Brasil, Portugal, México, Estados Unidos, Senegal, Gâmbia, Cuba e Reino Unido.
Influenciada por nomes como Chico Science, Alceu Valença, Geraldo Azevedo, Freddie Mercury e Ney Matogrosso, Juliana faz da versatilidade o cartão de visitas principal de uma trajetória que começou com a teatralidade no grupo Pietá, formado quando cursava a faculdade de Artes Cênicas da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UniRio), em 2011. A atriz tornou-se também cantora e, dez anos depois, lançou o disco Nordeste Ficção, uma homenagem à riqueza cultural do nordeste brasileiro.
Juliana ganhou o mundo e já esteve em Portugal quatro vezes, estendendo a estrada até a Espanha e a França. O figurino usado por ela é assinado pelo estilista brasileiro Ronaldo Fraga. “O Ronaldo disse que queria um Nordeste bem colorido no palco, e assim fizemos. Passei por muitas possibilidades e gosto de ser muita coisa no palco. Tenho essa brincadeira da cor, e gosto de usar o figurino a favor das histórias. Por isso, agora, está colorido e, mais tarde, pode ser que não esteja”, acrescenta.
A cantora voltará a Portugal em 2026, mas, ainda sob o efeito do MIMO Festival 2025, não tem dúvidas: “Já me apresentei na cidade do Porto, em Coimbra, em Lisboa, mas em Amarante foi a primeira vez. Foi uma sensação especial, muito bonita e de calor humano esse espetáculo. Não é todo dia que a gente recebe um convite desse porte. O Brasil tem muitos talentos ainda por serem descobertos, e o MIMO Festival é um espaço que revela muita coisa boa. Estou muito feliz e honrada por ter participado do projeto”, emociona-se Juliana.
Opção pela diversidade
A edição de 2025 do MIMO Festival contou com o trabalho de 500 pessoas, incluindo os músicos que se apresentaram, e um total de 60 atividades multiculturais. Ana Moura, Mocofaia, Fogo Fogo e Cal Jader B2B Ritmos Cholulteka, mais os DJs Botafogo e Phephz foram as outras atrações na sexta-feira.
A cantora Ana Moura encantou o público
Divulgação
No dia seguinte subiram ao palco Momi Maiga, Jéssica Gaspar e Aja Monet. Fecharam a noite José James, Chief Adjuah formerly Christian Scott, além dos DJ Daddy G (Massive Atack), Sucata e Saya. Neste domingo, a lista de atrações inclui Natascha Falcão, Carlos Malta & Pife Muderno, Sona Jobarteh, Roberto Fonseca e os DJs Caliente Isa, Charrock, Farofa, Gustavo Beytelmann & Phillipe Cohen Solal (Gothan Project). Na Igreja de São Gonçalo, a música ficou por conta de Iberian Ensemble & Conservatório de Amarante.
O MIMO nasceu em Olinda (PE), em 2004 e, entre Brasil e Portugal, quatro mil músicos já se apresentaram em 600 shows para dois milhões de expectadores. Recife, Ouro Preto, Tiradentes, Paraty, São Paulo, Itabira, Serra e São Francisco do Sul são algumas das 14 cidades onde o evento já aconteceu. O festival se internacionalizou em 2016, quando, pela primeira vez, foi realizado em Amarante. Um ano depois, foi para Glasgow, na Escócia.
A programação transcende a música e também dialoga com outras manifestações artísticas como exposições, passeios culturais, palestras, oficinas, workshops, fórum de ideias e exibição de filmes. O diferencial: durante três dias, todas as atrações em espaços culturais, ruas e praças são gratuitas. Mistura vários estilos musicais como pop, rock, Música Popular Brasileira e eletrônica.
Parceria na França
Por sinal, neste ano, o MIMO firmou parceria com o Jazz in Marciac, no âmbito da Temporada Cruzada Brasil-França. O evento acontecerá entre 28 de julho e 7 de agosto, em Marciac, cidade do Sudoeste francês. “Temos uma parceria excelente com a Embaixada da França, e será uma grande satisfação fazer parte de um dos mais renomados festivais de jazz do mundo”, diz Lu Araújo, diretora-geral do MIMO.
Lu avalia que o festival deste ano foi desafiador e também inovador, no sentido amplo da palavra. “Acho que foi um ano em que dei uma radicalizada na produção. Apostei em artistas que apontam para o futuro. Ana Moura entregou um show lindíssimo, Aja Monet, José James, roda de samba. Estou muito feliz porque todos foram shows maravilhosos. É esse o papel de um festival: criar espaços e renovar a cena”, frisa.
Além de possibilitar a milhares de pessoas acesso a apresentações musicais e atividades culturais gratuitas, o evento tem o objetivo, segundo Lu, de enriquecer o espírito e acrescentar sempre algo positivo nas vidas das pessoas. “Meu balanço é muito positivo, pois imagine fazer um evento desse porte em uma cidade com 55 mil habitantes e que recebe 80 mil pessoas num fim de semana e de várias partes do mundo. São músicos de 13 nacionalidades em uma cidade linda como Amarante”, comenta Lu. Ela acrescenta: “A música é um bálsamo para a alma e a diversidade que vimos aqui foi fenomenal. Sinto que o projeto está a todo vapor. Quero continuar por muitos anos ainda, mais e mais”.
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