Ainda que sejam alvo de escrutínio e alargada atenção, os modelos de Inteligência Artificial (IA) chineses são usados globalmente. Aliás, um inquérito recente concluiu que a maioria dos utilizadores estão abertos a utilizá-los. Contudo, há um senão.

De acordo com um relatório publicado pela consultora Artificial Analysis, a maioria dos mais de 1000 inquiridos manifestou vontade de adotar grandes modelos de linguagem (em inglês, LLM) chineses. Esta é, conforme já vimos, a tecnologia por detrás de chatbots e agentes de IA.
Apesar de a amostra ser relativamente pequena, demonstra a crescente popularidade das alternativas tecnológicas que a China tem desenvolvido.
Ainda assim, a confiança nos seus produtos não está totalmente assegurada. Afinal, quase 60% dos inquiridos europeus e dos Estados Unidos indicaram que só utilizariam esses modelos de IA chineses, se estivessem alojados em infraestruturas não chinesas.
 
Utilizadores ainda não confiam totalmente na China
Segundo James Wang, sócio geral do fundo de capital de risco Creative Ventures, sediado nos EUA, os modelos de IA chineses são frequentemente treinados para fornecer respostas "corretas" sobre temas politicamente sensíveis, algo que pode ser olhado de forma desfavorável pelos utilizadores de outros países.

Há muitas questões históricas ou culturais específicas que tendem a inclinar-se para o contexto chinês… ou são deliberadamente reforçadas para dar a resposta "corretas" do ponto de vista do Governo chinês.

Explicou Wang, acrescentando que essas respostas não poderiam ser facilmente alteradas ou removidas sem prejudicar significativamente a funcionalidade dos modelos.

Apesar disto, os modelos de IA open-source de startups chinesas líderes como DeepSeek, Moonshot AI e MiniMax, bem como de grandes empresas de tecnologia, como o Alibaba Group Holding, estão a ganhar reconhecimento global, em grande parte devido à sua capacidade de atingir um desempenho semelhante ao de produtos mais caros de concorrentes norte-americanos.
O DeepSeek, com sede em Hangzhou, foi a escolha de LLM open-source mais popular na investigação da Artificial Analysis, selecionada por 53% dos entrevistados. Por sua vez, o Qwen, da Alibaba, ficou em sétimo lugar, escolhido por 25% dos inquiridos.
No geral, contudo, os inquiridos ainda revelaram preferir os sistemas de código fechado dos Estados Unidos, com o GPT e a série o da OpenAI, o Google Gemini e o Claude da Anthropic a serem os preferidos por 84%, 80% e 67% dos inquiridos, respetivamente.