Chips avançados de inteligência artificial (IA) da Nvidia, no valor de pelo menos um bilião de dólares (cerca de 852 milhões de euros), foram contrabandeados para a China nos três meses depois de Washington ter reforçado as restrições à exportação desta tecnologia, informou o Financial Times (FT) esta quinta-feira.

Os processadores de alta tecnologia B200, cuja venda à China foi proibida com o intuito de travar os avanços do país no ramo da IA, estão amplamente disponíveis no próspero mercado negro chinês de chips norte-americanos, segundo a reportagem do FT, que cita contratos de venda, documentos da empresa e várias pessoas com conhecimento directo dos negócios.

A Nvidia anunciou na semana passada que poderá retomar as vendas para a China depois de o Governo de Trump reverter a restrição à exportação de chips, como o H20. As restrições remontam ao Governo de Biden, mas tinham sido impostas novas, por Trump, em Abril.

Nos três meses anteriores, contudo, os distribuidores chineses das províncias de Guangdong, Zhejiang e Anhui venderam os B200 da Nvidia, bem como outros processadores que estariam sob a restrição, como o H100 e o H200, de acordo com o relatório.

Este processador é utilizado por gigantes norte-americanos da tecnologia como a OpenAI, Google e Meta para treinar os sistemas de IA. Em Maio, vários distribuidores começaram a vender B200 para fornecedores de centros de dados que servem, por sua vez, grupos de IA chineses, de acordo com a mesma reportagem.

Outros países do Sudeste Asiático, como a Tailândia, tornaram-se os fornecedores deste mercado paralelo, onde a indústria de IA chinesa acabava por comprar os chips sob restrição. Por isto, o Departamento de Comércio dos EUA está a discutir o alargamento de controlos de exportação sobre produtos avançados de IA para outros países, como a Tailândia, já em Setembro.

Os EUA e a China estão a disputar a liderança global em IA e outras tecnologias de ponta, o que obriga empresas como a Nvidia a fazerem malabarismos entre as duas maiores economias do mundo.

Em declarações à Reuters, a Nvidia explicou que construir centros de dados com produtos contrabandeados é ineficiente, tanto do ponto de vista técnico como do ponto de vista financeiro, uma vez que a empresa só oferece serviços e suporte para produtos autorizados.

O Departamento de Comércio dos EUA, a Casa Branca e o Governo tailandês não responderam aos pedidos de declarações da Reuters.