Vivo Novidades

Blog Post

Vivo Novidades > Política > Florestas de abetos estão a morrer com o calor, a seca e as pragas na Grécia | Reportagem

Florestas de abetos estão a morrer com o calor, a seca e as pragas na Grécia | Reportagem

Nas encostas arborizadas que rodeiam a aldeia de Kalavryta, no sudoeste da Grécia, centenas de abetos moribundos destacam-se entre a folhagem verde escura, com as agulhas frágeis e avermelhadas a anunciar forma gritante como a seca drena lentamente a vida da natureza.

Os abetos são conhecidos por precisarem de climas mais frios e húmidos. As secas prolongadas dos últimos anos, associadas a uma rápida mudança climática na Grécia, estão a deixá-los expostos a infestações de pragas, afirmam cientistas e habitantes da região.

“No passado, costumávamos ver algumas árvores mortas espalhadas entre as saudáveis”, recorda Katerina Kolirou, chefe do serviço florestal local em Kalavryta, uma aldeia famosa por florestas da espécie de abeto grego Abies cephalonica.

“Agora, infelizmente, é entre as árvores mortas que tentamos identificar os poucos abetos verdes saudáveis que restam”, lamenta Katerina Kolirou.

Pragas proliferam na seca

Menos água e humidade significam que os abetos se tornam mais vulneráveis a ataques de pragas que perfuram a casca das árvores para depositar ovos e fazer túneis. Estas infestações perturbam a capacidade da Abies cephalonica de transportar nutrientes das raízes até aos ramos, levando as árvores à morte.

“Estes são besouros que perfuram a madeira”, diz Dimitrios Avtzis, entomologista florestal e director de investigação da Organização Agrícola Grega Demeter, uma agência pública de investigação. O especialista corta a casca de uma árvore em decomposição em Kalavryta e encontra um besouro que, em seguida, coloca num frasco para análise.

“Eles não formam populações tão grandes como os besouros da casca, mas são igualmente destrutivos para a árvore”, refere o entomologista.

Em todo o mundo, 2024 foi o ano mais quente alguma vez registado, com a temperatura média global excedendo pela primeira vez os 1,5 graus Celsius acima da era pré-industrial.

Menos dias de neve

As temperaturas na Grécia aumentaram na mesma proporção entre 1991 e 2020, mas em algumas áreas montanhosas do Noroeste houve um aumento maior, de 2 graus Celsius, diz o director de investigação do Observatório Nacional de Atenas, Kostas Lagouvardos, que liderou um estudo sobre o aumento das temperaturas e a cobertura de neve.

Este aumento da temperatura, por sua vez, reduziu o número de dias em que o solo ficou coberto de neve, outra fonte vital de humidade para os abetos. Kostas Lagouvardos estima uma diminuição de 30 a 40% na cobertura de neve ao longo dos anos.

O declínio das florestas de abetos, também observado na Grécia continental e nas Ilhas Jónicas, não é exclusivo da Grécia. Na província de Huesca, em Espanha, também na região mediterrânica, uma espécie diferente de abeto nas montanhas dos Pirenéus, o Abies alba, também mostrou sinais de declínio nos últimos anos, um desenvolvimento que os cientistas associam ao calor extremo.

Em Kalavryta, as autoridades planeiam remover árvores mortas e infestadas para limitar os danos. Mas isso pode não ser suficiente para salvar as florestas.

“Não podemos impedir as alterações climáticas”, afirma Kostas Lagouvardos. “O que podemos tentar fazer é mitigá-las ou encontrar soluções. Mas não podemos criar neve.”

#Florestas #abetos #estão #morrer #calor #seca #pragas #Grécia #Reportagem

Leave a comment

Your email address will not be published. Required fields are marked *