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Embraer tem 1 bilhão de dólares para investir nos EUA e evitar tarifaço de Trump | Aviação

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O presidente da Embraer, Francisco Gomes Neto, está nos Estados Unidos, batendo de porta em porta de autoridades do governo de Donald Trump. O objetivo é mostrar as consequências do tarifaço de 50% sobre produtos brasileiros, que está previsto para vigorar a partir de 1º de agosto. Para ele, há empresas do Brasil que têm muito a oferecer à economia norte-americana, como é o caso da fabricante de avião, que detêm 65% do capital da portuguesa OGMA. Ele mostra o poder de fogo da Embraer: “Temos planos de investir 500 milhões de dólares nos EUA e, se a gente tiver sucesso na venda do cargueiro KC-390, serão outros 500 milhões de dólares em uma fábrica”.

No périplo que faz pelos Estados Unidos, Gomes Neto ouviu de autoridades norte-americanas que “há espaço para negociação” do tarifaço imposto por Trump, que condiciona a retirada da sanção ao Brasil à anistia ao ex-presidente Jair Bolsonaro, que responde a processos no Supremo Tribunal Federal (STF) por tentativa de golpe de Estado. A Justiça brasileira, porém, é independente.

O executivo da Embraer ressalta que conta com o apoio da direção da American Airlines, uma das maiores companhias aéreas do mundo, no sentido de suspender o tarifaço, por meio de um apelo público feito pelo CEO, Robert Isom. Apesar de, no geral, os Estados Unidos terem uma balança comercial deficitária, com o Brasil, o saldo é positivo. Nos últimos 15 anos, as exportações norte-americanas para o Brasil superaram as importações em 410 bilhões de dólares.

Ao expor as justificativas para a interrupção do tarifaço, o presidente da Embraer adverte que, se a ameaça de Trump se confirmar, 12,5 mil empregos serão fechados, sendo 2,5 mil diretos e 10 mil indiretos, na fábrica da Sierra Nevada Corporation (SNC)), associada da fabricante brasileira de aviões. A empresa norte americana é um importante polo de montagem de aeronaves.

Esforço conjunto

Além de ter sido recebido pelo CEO da American Airlines, Gomes Neto já manteve contatos com Howard Lutnick, secretário de Comércio dos Estados Unidos; Scott Bessent, secretário do Tesouro; Sean Duffy, secretário dos Transportes; e Jamieson Greer, chefe da Representação Comercial norte-americana, a USTR, na sigla em inglês. Os movimentos do executivo da Embraer estão sendo reforçados por um grupo de senadores brasileiros em missão nos EUA.



A Embraer promete abrir uma unidade nos Estados Unidos para produzir o KC390, aeronave que já foi adquirida por Portugal
Rui Gaudêncio

As autoridades americanas reconhecem a importância da Embraer para o país e dizem esperar uma solução para o caso. Em entrevista ao jornal Valor, o presidente da empresa brasileira mostrou que os empregos ameaçados são também de fornecedores, como a General Eletric e de fabricante de peças e componentes das aeronaves A-29 Super Tucano.

Segundo Gomes Neto, há um pedido formal de adiamento da entrada em vigor do tarifaço pelo Fórum de CEOs Brasil-EUA. No entendimento dele, a participação e o empenho do vice-presidente da República do Brasil, Geraldo Alckmin, no sentido de reverter a taxação definida por Trump estão sendo muito importantes. “Todos estão trabalhando para a redução da tarifa para zero, como sempre foi desde 1979. (A taxa de 50%) foi uma surpresa muito grande”, afirma.

Embraer em 30 estados

Para além dos empregos, o executivo brasileiro assegura que a cadeia de negócios envolvendo a Embraer nos Estados Unidos é bem maior do que se imagina. “Compramos motores de aviões, válvulas complexas, montamos aviões e temos oficinas de manutenção”, explica. Ele acrescenta que a empresa paga impostos em mais de 30 estados norte-americanos, sendo que a Flórida é a maior base da companhia. “Estamos lá há 45 anos”, assinala.

Outras bases da empresa estão localizadas no Tennessee, no Arizona, em Ohio e na Geórgia. Há, também, a oficinas autorizadas que cuidam dos aviões fabricados pela Embraer em todo o país. Ele lembra, ainda, que os jatos de 80 lugares da companhia são os únicos aprovados para operar no mercado regional. “Nossas aeronaves transportam 5 milhões de passageiros por mês. Um terço dos voos realizados nos aeroportos de Washington (Ronald Reagan) e Nova York (La Guardia) é feito com aviões da Embraer”, frisa.

Gomes Neto informa que as reuniões com os secretários de Estado dos EUA foram para oferecer dados sobre o peso da empresa na aviação regional norte-americana. “Mostrei quanto a Embraer investe nos Estados Unidos e que, nos próximos cinco anos, a companhia planeja comprar 21 milhões de dólares em equipamentos americanos, que serão destinados à Europa e à Ásia, o que representa um superavit importante para os EUA de 8 milhões de dólares”, revela.



Os aviões modelo E175 são os mais exportados pela Embraer para os Estados Unidos, usados na aviação regional
Divulgação

KC 390 nos EUA

Sobre o cargueiro militar KC-390, o presidente da Embraer assinala que a empresa recebeu, até o momento, “50 encomendas da fora do Brasil, sendo que, com Portugal, surgiu a primeira versão para a OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte)”. A maior parte das aeronaves será destinada para Europa e Coreia do Sul, e há entendimentos com Índia e, possivelmente, com Estados Unidos.

Gomes Neto explica que, no caso dos EUA, “um negócio grande”, teria de haver “uma montagem local, o que pode gerar outra onda de investimentos” naquele país. Ele destaca, inclusive, que a concorrência da Embraer com a norte-americana Lockheed Martin, fabricante do avião C-130 Hércules, é real, “mas há espaço para ambas”.

O presidente da Embraer complementa: “Nosso avião é um pouco maior, tem motorização a jato, é mais rápido, carrega mais carga e é mais moderno. Mas, sem dúvida, (o C-130 Hércules) é um concorrente de respeito, e é norte-americano”.

OGMA em Portugal

A Embraer, dona da OGMA em Portugal, será é a companhia brasileira mais afetada pelo tarifaço de Trump, caso se confirme. Na avaliação do economista Eduardo Velho, sócio-estrategista da Equador Investimentos e professor de econometria financeira, ainda é possível que o governo dos EUA recue da medida, definindo uma taxação de 10% ou mesmo zere o imposto sobre a Embraer.

Analistas apontam que, com o tarifaço de 50%, o lucro operacional da Embraer pode diminuir em 220 milhões de dólares, o que equivale a 35% do resultado projetado para este ano. Mas há visões mais otimistas, em que a empresa brasileira pode usar mais a OGMA para driblar as sanções aos Brasil. A União Europeia fechou acordo com os EUA para uma taxação de 15% sobre seus produtos.

Ao mesmo tempo, a empresa brasileira tem avançado em negociações para vender ao KC-390 a países africanos, entre eles, o Marrocos, com um contrato estimado em mais de 600 milhões de dólares. A África do Sul também demonstra interesse na aeronave, assim como Angola, Nigéria e Egito. As negociações com os países africanos ganharam força após o tarifaço de 50% anunciado por Trump.

Sem cancelamentos

O presidente da Embraer sinaliza que, “até o momento, não houve cancelamentos de pedidos ou solicitações de adiamento por parte dos clientes” nos Estados Unidos. O mercado norte-americano representa atualmente 45% das encomendas de jatos comerciais da emprsa e 70% dos jatos executivos.

Em relatório, o banco BTG Pactual afirma que “a aeronave comercial mais exportada para os EUA, o E175 (de corredor único), não tem substituto hoje no mercado norte-americano, o que abre espaço para ajustes de preços nas negociações”.

A instituição lembra que, quando do anúncio inicial de tarifa de 10% sobre os produtos brasileiros, em abril, não houve um freio na demanda pelos aviões da Embraer, como evidenciado pelo pedido recente da empresa aérea de baixo custo (low cost) SkyWest. A encomenda envolve 60 aeronaves, por 3,6 bilhões de dólares.

A Embraer encerrou o segundo trimestre de 2025 com a maior carteira de pedidos de sua história, totalizando 29,7 bilhões de dólares. A empresa informa que entregou 61 aeronaves no período, um aumento de 30% em relação ao mesmo período de 2024 (47 entregas) e mais que o dobro do registrado no primeiro trimestre deste ano (30 aviões). A divisão de aviação comercial alcançou sua maior carteira em oito anos, com um montante de 13,1 bilhões de dólares. O valor representa crescimento de 31% em relação ao primeiro trimestre deste ano e de 16% na comparação anual.

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