As taxas Euribor vão continuar a descer ou vão começar a subir? Não é possível responder a esta pergunta tendo em conta a incerteza quanto às futuras decisões de política monetária do Banco Central Europeu (BCE), elas próprias “reféns” de um conjunto de variáveis que não se consegue antecipar. Contudo, é possível avançar que, apesar das ligeiras subidas verificadas no último mês (à excepção do prazo mais longo), o mercado continua a antecipar valores abaixo dos 2% para a Euribor a três meses, a partir de Agosto, e a seis meses, no Outono.
E isso significa que as prestações dos créditos associados a estas taxas e com revisões nos próximos meses vão continuar a descer, embora em cada vez menor dimensão. Este nível de taxas de juro incentiva novos pedidos de empréstimos para comprar casa, beneficiando das ajudas estatais (garantia pública e redução de impostos), um caminho que apenas é travado pela constante subida do preço das casas.
A ligeira subida verificada no custo do dinheiro para as famílias e empresas em Julho é explicada pela paragem na descida das taxas directoras por parte do BCE, justificada pela descida da inflação para o nível pretendido, mas essencialmente pela conjuntura “excepcionalmente incerta, por culpa especialmente das disputas comerciais”, como referiu a autoridade monetária. Entretanto, a União Europeia e os Estados Unidos chegaram a acordo quanto à tarifa única de 15% a aplicar às exportações europeias para os Estados Unidos, com data de inicia prevista a 7 de Agosto, embora ainda não tenha sido assinado o decreto executivo por parte da Administração de Donald Trump, nem tenha sido publicada a declaração conjunta que os dois parceiros.
Entretanto, os avanços na frente comercial contribuíram para que a Euribor a três meses iniciasse Agosto novamente abaixo dos 2%, mais precisamente nos 1,994% (valor desta segunda-feira, idêntico ao da última sexta-feira).
Relativamente às médias de Julho, as que servem de referência para os contratos a rever no corrente mês de Agosto, verificaram-se ligeiras subidas no prazo a três meses, de apenas 0,002 pontos percentuais face ao mês anterior, para 1,986%, e no de seis meses, de 0,005 pontos para 2,055%. Já o prazo mais longo registou uma descida igualmente muito ligeira, de 0,002 pontos, para 2,079%.
O impacto da taxa de prazo mais longo num empréstimo de 150 mil euros, com um spread ou margem comercial do banco de 1%, e pelo prazo de 30 anos, vai corresponder a uma prestação de 638,75 euros, o que representa uma redução de 123,53 euros face ao valor que pagaria com a taxa de há 12 meses (3,526%).
O mesmo cálculo, mas com a média da Euribor a seis meses, vai corresponder a uma prestação de 636,86 euros, menos 46,28 euros face ao valor de há seis meses (2,614%).
Num contrato associado à Euribor a três meses, o valor da prestação também continua a descer, mas de forma menos significativa, tendo em conta que as revisões são mais próximas. Com a média de Julho, a prestação situa-se nos 631,27 euros, menos 21,45 euros face ao valor que resultaria da aplicação da média de Abril, que serviu de referência ao cálculo da prestação em Maio.
Certificados de Aforro penalizados
Se quem tem créditos associados às taxas Euribor beneficia com a descida das taxas de juro, quem tem poupanças vê o seu rendimento a cair. Acontece isso nos Certificados de Aforro (CA), associados à Euribor a três meses, mas também nos depósitos a prazo, onde a taxa de juro cai sempre que os juros dos empréstimos diminuem.
No caso dos CA, a taxa determinada para as novas aplicações a realizar em Agosto (série F) caiu abaixo dos 2%, mais precisamente para 1,987% ilíquidos, longe dos 2,5% de taxa máxima fixada.
Esta taxa é determinada num período específico do mês – é fixada no antepenúltimo dia útil do mês com a média dos valores verificados nos dez dias úteis anteriores –, daí que tenha descido ligeiramente, apesar da pequena subida da média considerando a totalidade das sessões de Julho.
As subscrições realizadas em Julho garantiram uma taxa bruta de 2,11%, valor que se mantém durante três meses.
Tendo em conta que a taxa de juros dos CA é renovada a cada trimestre, o valor apurado em Agosto também servirá de referência para as revisões que ocorram nas séries antigas, designadamente a A e B, mas também nas mais recentes D e E. Em todas estas séries, as taxas finais são substancialmente mais elevadas, porque beneficiam de prémios de permanência, que não existe na F.
A última taxa de juro média dos novos depósitos a prazo de particulares, divulgada pelo Banco de Portugal, é relativa a Junho e foi de 1,43%, completando 18 meses de quedas consecutivas.
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