Ricardo Quaresma passou em revista a sua vida e carreira, numa entrevista ao Podcast Geração 80 da SIC, abordando os primeiros tempos na equipa principal do Sporting e a saída para o Barcelona. O internacional português não se sentia intimidado por conviver e jogar contra grandes jogadores. 

“Com 16 anos, estava na equipa B e com 17 anos fui para a equipa principal. Prefiro ouvir mais do que falar, chegou a um balneário onde tinhas Jardel, João Pinto, Pedro Barbosa, Jorge, Paulo Bento, jogadores fabulosos. Ouvia muita coisa e aprendia com eles. Nunca fui de falar muito. Brincava quando sabia que podia brincar. Depois havia coisas de que não gostava e tinha de falar. Nunca levei nada para casa. Falava mas nunca fui mal educado para ninguém. Dentro de campo sempre fui um miúdo que nunca respeitava ninguém no bom sentido. Com 18 anos, a caminho dos 19, eu estava no Barcelona. Com 19 anos eu jogo um Barcelona-Real Madrid onde está um Roberto Carlos, que é dos melhores de sempre. Com 19 anos é normal que olhes e fiques a tremer. Vou levar com um fabuloso jogador. Nunca tremi por jogar contra ninguém. Já vai da tua personalidade, a mima ainda me dava mais vontade de jogar contra esses jogadores. Era um desafio. Vamos lá ver se és assim mesmo tão bom como as pessoas dizem. Era isso que eu metia na cabeça. Eu sabia que eles eram bons, mas que eu também era bom. Era um choque de titãs. Aprendi muito porque é fabuloso. O futebol parece fácil”, referiu. 

Ricardo Quaresma admitiu que tinha vontade em sair do Barcelona e que queria regressar ao Sporting. No entanto, os leões fecharam-lhe a porta. E acabou por rumar ao FC Porto: “Não me arrependo nada do que faço, mas se fosse hoje em dia faria as coisas de maneira diferente. Era muito novo, cheguei ao Barcelona ia fazer 19 anos. Entras num balneário onde está Luis Enrique, Xavi, Puyol, Ronaldinho. Só tinha de esperar pela minha oportunidade. Como o Iniesta fez, soube esperar o momento dele. Tinha de fazer o mesmo. Quando chegas a esse patamar tão cedo achas que já estás ao nível desses jogadores e eu não estava. Então acho que cometi um erro, foi eu que pedi para sair. O Laporta não queria que eu saísse e voltasse para Portugal. Disse que queria jogar mais. Ele disse: ‘ok, deixo-te sair emprestado mas quero que continues em Espanha’. Estive para ir para o Valencia, para o Atlético. O Jorge Mendes já era meu empresário e falou-me nisso, mas eu meti na cabeça que queria voltar para casa e queria voltar ao Sporting. Fiquei magoado com o Sporting porque queria regressar a casa. O Sporting era a minha casa, era o único clube que conhecia. Cresci ali. O Sporting fechou-me a porta. Quiseram contratar outros jogadores e eu fiquei para trás… foi para a frente porque depois ir para o FC Porto… Percebi que o FC Porto é diferente. Sei que muitos sportinguistas ficam magoados mas sinceramente vou para o FC Porto porque o Sporting é que me fecha a porta. A realidade é essa. Queria voltar. Não me importava de baixar o salário e eles sabiam disso, mas fecharam-me a porta, tiveram as decisões deles. Reuni-me e na altura disse que era para o Sporting que queria voltar. Não queria ir para o FC Porto mas a verdade é que depois veio a confirmar-se que era a melhor escolha que eu podia ter feito”.