Há quem lhe chame a pandemia silenciosa e é até considerada uma das grandes ameaças ao planeta. Com o consumo de antibióticos para além do necessário, os microrganismos que deveriam ser combatidos acabam por ganhar ainda mais resistência criando graves problemas para os doentes.

“Estamos a piorar desde 2022, a pandemia terá feito uma retração do que foi o consumo de antimicrobianos e a taxa de infeção, mas de 2023 e 2024 as notícias não são boas. Pioramos em termos de consumo de antimicrobianos e infeções“, explica Celinia Antunes, presidente da Associação Portuguesa de Infeção Hospitalar.

De acordo com Celinia Antunes, está a aumentar o consumo de antibióticos que devem ser tomados apenas em último caso.

As consequências do uso indevido dos medicamentos sentem-se todos os dias com o aumento das dificuldades para tratar os doentes.

Cláudia Nazareth, diretora clínica da ULS de Coimbra, explica que há microrganismos multirresistentes que se tornam mais resistentes “a todos os antibióticos”, aumentando o “tempo de permanência nos serviços, no tempo de internamento, nos reinternamentos”.

Celinia Antunes acrescenta que esta aumento do consumo de antibióticos coloca “em risco os doentes”.

Enquanto esperam pelo desenvolvimento de novos medicamentos mais eficazes, os responsáveis pelo programa para travar a resistência aos antimicrobianos procuram estratégias para que tanto doentes como profissionais de saúde usem os antibióticos de forma mais responsável.