Foi há dez anos que Maria (nome fictício) se submeteu a uma cirurgia para remover parte do útero por ter miomas e hemorragias. Já tinha duas filhas, não estava a pensar engravidar novamente, e decidiu avançar, por sugestão da sua médica. “A partir daí, passei a ter menstruações irregulares, situação que se prolongou durante dois a três anos”, conta.
Os primeiros sintomas de entrada efetiva na menopausa surgiram com “os típicos calores”, mesmo no inverno, algo que a acompanha desde então. A irritabilidade e a perda de paciência também fazem parte dos seus dias. Procurou ajuda com dois ginecologistas, sem sucesso. Também junto da médica de clínica geral não encontrou soluções. “Não há muito conhecimento desta área e a recomendação passou por tomar ansiolíticos. Acabei por ir passando pelos pingos da chuva.” Conseguiu minorar alguns aspetos, mas, há um ano, a situação descontrolou-se e os sintomas intensificaram-se.
Com 57 anos e a trabalhar na banca há 36, tem sentido o impacto dos sintomas no dia a dia. “O que me tem afetado muito é o esquecimento. Antigamente, estava a fazer uma tarefa no trabalho, interrompiam-me e eu conseguia retomar. Agora, não. E isto é muito complicado de gerir.” Como trabalha num “open space”, a concentração é cada vez mais difícil nos três dias da semana em que tem de ir ao escritório, porque estão mais pessoas juntas e o ruído faz-lhe confusão.
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