O arcebispo espanhol Joan Enric Sicília disse esta terça-feira, 12 de Agosto, que as pessoas migrantes não são um problema, mas um sinal dos tempos que exige uma resposta solidária, e que o seu acolhimento não é uma opção política, antes uma exigência evangélica.
“Os migrantes não são um problema, são um sinal dos tempos que exige uma leitura evangélica e uma resposta solidária”, afirmou Joan Enric Vives i Sicília, na homilia da peregrinação internacional de 12 e 13 de Agosto, que integra a peregrinação nacional do migrante e do refugiado.
Lembrando que, “todos os dias, homens, mulheres e crianças atravessam fronteiras em busca do mesmo” que todos desejam, como “paz, trabalho, segurança e um futuro melhor”, o prelado reconheceu que, “muitas vezes, o que encontram é suspeita, rejeição ou indiferença”.
Para o arcebispo emérito de Urgel, de que faz parte o Principado de Andorra, onde serviu a comunidade emigrante portuguesa, “acolher migrantes não é uma opção política”, mas uma “exigência evangélica” que “significa defender a dignidade sagrada de cada ser humano”.
Desafiando os fiéis a empenharem-se na defesa dos direitos das pessoas migrantes — “o direito de deixar o seu país por necessidade ou em busca de liberdade, o direito a ser tratado com dignidade em qualquer fronteira, o direito a fazer parte de uma sociedade que não exclui, mas acolhe e integra” —, o presidente da peregrinação salientou que acolhimento “não se trata apenas de caridade, mas também de justiça”.
“A verdadeira fé leva-nos a construir pontes, e não muros. (…) Devemos sempre estender a mão, não fechar os olhos”, pediu.
Antes, recuou aos acontecimentos na Cova da Iria, em 1917, em plena I Guerra Mundial, e à “mensagem de conversão, paz e esperança” da Virgem de Fátima. “Hoje, mais de um século depois, as suas palavras continuam relevantes, porque o mundo ainda está ferido por guerras, divisões, fome e pela tragédia do êxodo de tantos irmãos e irmãs migrantes em busca de um lugar para viver com dignidade”, disse Joan Enric Vives i Sicília.
Perante milhares de peregrinos, 60 mil, segundo estimativas do santuário, recordou que “a história portuguesa está marcada pela emigração”. “Durante décadas, milhares partiram em busca de melhores condições de vida. Hoje, Portugal acolhe muitos que aqui chegam com os mesmos sonhos. Somos, pois, chamados à coerência histórica e evangélica”, defendeu.
O arcebispo lembrou ainda as palavras do Papa Francisco, segundo o qual a atitude cristã face à migração deve incluir quatro verbos, “acolher, proteger, promover e integrar”, que “devem estar presentes na mente e no coração de todos”, incluindo “membros das instituições sociais e religiosas”. “As migrações são uma fonte de renovação comunitária e uma oportunidade de crescermos em humanidade.”
A peregrinação internacional de Agosto, também conhecida como peregrinação dos emigrantes, termina na quarta-feira, com as cerimónias religiosas a iniciarem-se com a procissão eucarística, às 7h, e, duas horas depois, o terço, na Capelinha. Segue-se a missa, com a bênção dos doentes e a procissão do adeus, que encerra a peregrinação, na qual se cumpre a tradição da oferta de trigo.
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