A tentativa de empresas de vários países de acelerarem a sua produção antes da entrada em vigor de tarifas mais altas por parte dos Estados Unidos fez com que, em Abril, as exportações chinesas de bens tivessem crescido bastante mais do que o esperado.
Na véspera de se realizar o primeiro encontro entre responsáveis dos EUA e da China desde a escalada das tarifas por parte dos dois países, Pequim divulgou esta sexta-feira dados que revelam que, em Outubro, apesar de já estarem a ser aplicadas tarifas de 145% aos bens chineses dirigidos ao mercado norte-americano, as exportações totais do gigante asiático continuaram em Abril a crescer a um ritmo elevado.
As vendas da China para o estrangeiro cresceram 8% face ao mesmo mês do ano passado, um resultado que representa um abrandamento face aos 12,4% de Abril, mas que supera largamente as expectativas dos mercados. Um inquérito feito pela Reuters junto de economistas apontava, antes da divulgação dos dados oficiais, para que as exportações chinesas quase estagnassem, registando um crescimento de 1,9%.
A explicação para este resultado surpreendentemente positivo está, curiosamente, no facto de os EUA terem anunciado a 2 de Abril a imposição de tarifas mais altas para praticamente todos os seus parceiros comerciais, tendo suspendido a seguir a sua aplicação pelo período de nove meses.
Isto faz com que, em diversos países, nomeadamente grandes exportadores asiáticos como o Vietname, haja agora uma urgência de acelerar a sua produção e venda para os Estados Unidos, antes que as tarifas mais altas entrem em efeito. Mas para isso, as empresas desses países precisam de importar componentes e matérias-primas da China e é isso que terá conduzido a que, durante o mês de Abril, as exportações chinesas tenham disparado.
No caso da China, não só as tarifas mais altas dos EUA já estiveram em vigor em Abril, como são as mais altas em todo o mundo, depois de uma série de retaliações de parte a parte as terem colocado nos 145%. Isso poderá já ter afectado o volume das exportações chinesas para os EUA, embora haja igualmente notícia da tentativa de antecipar a expedição de alguns bens por parte dos produtores chineses, o que pode ter contribuído para o resultado positivo de Abril.
O que é certo é que se as taxas alfandegárias proibitivas actualmente em vigor se mantiveram entre os EUA e a China, o comércio directo entre os dois países praticamente desaparecerá, algo que terá um impacto muito significativo nas duas economias.
No sábado, numa aparente tentativa de ainda evitar esse cenário, responsáveis pela política comercial dos dois países irão reunir-se na Suíça.
Os dados do comércio publicados esta sexta-feira pelas autoridades chinesas revelam igualmente que as importações da maior potência económica asiática caíram em Abril 0,2% face ao mesmo mês do ano passado. Apesar da queda, o resultado é mais positivo do que o registado em Março e supera igualmente as expectativas dos analistas.
As medidas de estímulo à concessão de crédito e ao consumo com que Pequim tem vindo nos últimos meses a tentar aumentar a procura interna na economia podem ser a explicação para este desempenho das importações acima do previsto.
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