A porta-voz do PAN agradeceu hoje o “voto de confiança” dos eleitores que permitiram manter a representação no parlamento, mas reconheceu que o resultado ficou aquém das expetativas, responsabilizando o “voto útil” por não conseguir um grupo parlamentar.
Numa reação no ‘quartel-general’ do PAN para a noite eleitoral, num hotel no centro de Lisboa, a porta-voz do partido, Inês de Sousa Real, disse que o resultado conseguido esta noite – a sua reeleição pelo círculo eleitoral de Lisboa – não foi o “resultado que gostaria de ter tido”, por não ter permitido formar um grupo parlamentar.
“Seria importante que não estivesse sozinha no parlamento, que tivéssemos conseguido, noutros distritos, noutras áreas geográficas, onde já elegemos, quer no Porto, quer em Setúbal e até mesmo naquilo que é reforçar a nossa representatividade em todo o país, mas sabemos também que o voto útil acabou por prejudicar, mais uma vez, a pluralidade democrática”, acrescentou a deputada única do PAN.
Apesar disso, Inês de Sousa Real agradeceu o “voto de confiança”, garantindo que a presença do PAN no parlamento assegura a representação de causas como a proteção animal, ambiental e dos direitos das mulheres, bem como a luta contra o “crescimento de forças populistas e antidemocráticas”.
A líder do PAN, que ocupa o único lugar do partido na Assembleia da República desde 2022, alertou para “ameaça concreta” da ascenção da extrema-direita com uma “agenda xenófoba de discriminação” e recuo na proteção animal, comprometendo-se a lutar para que as suas causas “não fiquem para trás”.
Chão comum com menos 40 mil votos
Sobre a possibilidade de vir a ser parte do apoio parlamentar ao novo Governo da AD, Sousa Real disse que essa é uma reflexão que o partido terá de fazer, mas acrescentou que o PAN, “como partido de oposição”, tem o papel de garantir que não há recuos nas causas.
A líder do PAN assegurou que o partido fará oposição “pela positiva” e, por isso, está disponível para “dialogar e perceber que consensos são possíveis do ponto de vista parlamentar para garantir que o país tem estabilidade” e Orçamento do Estado.
“Acho que há um chão comum do ponto de vista democrático que podemos todos trabalhar”, acrescentou.
Questionada sobre que conclusões tirar do facto de o partido ter conquistado quase menos 40 mil votos do que nas eleições de 2024, Inês de Sousa Real sublinhou que o PAN “não é um partido do sistema” e, por isso, tem menos meios, mas reconheceu que será feita uma reflexão interna para perceber o que falha na comunicação do trabalho do partido para os eleitores.
A líder do PAN disse ainda querer reforçar o peso do partido nas próximas eleições autárquicas e assegurar que tem “mais força para enfrentar os próximos ciclos em todas as dimensões”.
Eleita por 178 votos
No ‘quartel-general’ do PAN viveu-se uma noite marcada pelo silêncio de poucas dezenas de dirigentes, militantes e simpatizantes, que marcaram presença e aguardaram, de olhos postos na televisão, a conclusão da contagem dos votos para perceber se o partido conseguiria manter a sua representação parlamentar.
A calma que pautou a noite foi quebrada apenas às 23h58, quando se confirmou a reeleição da porta-voz do partido, depois de apurados os votos na freguesia de Avenidas Novas, em Lisboa, a última a ser contabilizada no país.
Inês de Sousa Real, foi a última deputada a ser eleita pelo maior círculo eleitoral do país, Lisboa, impedindo a CDU de eleger o seu segundo deputado ou o PS o seu 13.º.
Ao longo da noite eleitoral das legislativas de domingo, estes três partidos disputavam o último lugar dos 48 deputados por Lisboa.
Os 23.369 votos no PAN em Lisboa (28% do total nacional do partido) deram uma vantagem, na contabilidade por método de Hondt (a equação que calcula a atribuição de mandatos), de 178 votos sobre o PS e 654 votos sobre a CDU.
A nível nacional, o PAN obteve 1,36% dos votos (80.850), contra os 1,95% registados em 2024 – uma perda de cerca de 37,7 mil votos -, sendo o pior resultado desde que passou a ter representação parlamentar. Apenas nas legislativas de 2011, em que se estreou com 1,04% dos votos, teve uma votação mais baixa. Elegeu pela primeira vez em 2015, com André Silva por Lisboa e alcançou o seu melhor resultado em 2019, elegendo quatro deputados pelos círculos de Lisboa, Porto e Setúbal. Em 2022, caiu para 1,58% e voltou a ter apenas uma deputada. Em 2024, subiu para 1,95%, mas voltou a eleger apenas Inês de Sousa Real.
Apesar de manter o mandato por Lisboa, como em todas as eleições desde 2015, o partido caiu também neste círculo: de 32,8 mil votos (2,49%) em 2024 para 23,3 mil (1,84%) este ano.
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