O que são as tarifas recíprocas?
O objetivo das tarifas anunciadas aos produtos importados é, em teoria, igualar as barreiras – taxas alfandegárias, impostos e gestão da moeda – aplicadas às exportações norte-americanas. Donald Trump apresenta as medidas como “recíprocas” e diz que dá um “desconto”, cortando metade do valor das taxas que os Estados Unidos alegam que são aplicadas aos produtos norte-americanos.
Quais os países abrangidos?
Há taxas diferentes para um total de 185 países ou territórios. Em primeiro lugar, entra em vigor a 5 de abril uma tarifa base de 10% para a larga maioria, exceto México e Canadá. Inclui, entre outros, o Reino Unido, Austrália e Nova Zelândia. Mas há tarifas mais elevadas que são aplicadas a partir de 9 de abril.
Para os países da União Europeia a tarifa sobe para 20%. Para a China, Trump anunciou uma taxa de 34%, mas é preciso somar as taxas de 20% já aplicadas sobre produtos oriundos do gigante asiático, o que eleva o total para 54%. A China já respondeu com tarifas de 34% aos produtos americanos.
Os produtos importados do Japão vão ter uma taxa adicional de 24% e a Coreia do Sul 25%.
E nem os pinguins escaparam, pois na lista de Trump estão as ilhas de Heard e McDonald, um território remoto australiano, onde só vivem focas e pinguins. Por pertencerem à Austrália, aplica-se a taxa de 10%.
Todas estas tarifas entram em vigor em paralelo com os 25% sobre os automóveis que já tinham sido anunciados.
As contas dos EUA estão certas?
Donald Trump usou um cartaz para comparar o que os Estados Unidos supostamente pagam em taxas e o que vão passar a cobrar. No entanto, as contas da administração republicana não refletem apenas as tarifas aduaneiras e incluem também taxas de importação e dados sobre o défice da balança comercial.
No caso europeu, também incluem o IVA que é um imposto transnacional que todas as empresas pagam, mesmo as europeias e, por isso, não devia contar.
Que produtos estão incluídos?
Praticamente todos os produtos são visados neste aumento das tarifas. As exceções são o aço, alumínio e os automóveis, que já foram incluídos em novas taxas de 25%.
Também de fora ficam os semicondutores, madeira, cobre, ouro e energia. Para já não estão incluídos produtos farmacêuticos e medicamentos, mas Trump já sugeriu a imposição de tarifas de 25% sobre este setor.
Qual foi o primeiro impacto?
Donald Trump falou e a reação não tardou. No primeiro dia de negociação após o anúncio, a resposta de Wall Street foi extremamente penalizadora, com as ações a afundarem e os investidores a procurarem ativos de refúgio. O índice S&P 500 caiu 4,75% para 5.401,77 pontos, registando o pior dia de negociação em quase cinco anos e perdendo cerca de 3 biliões de dólares em capitalização de mercado.
Também as ações europeias sofreram o pior dia em oito meses, com o Stoxx 600 a perder 2,6% e a generalidade das praças a fechar no vermelho. No caso do petróleo, o preço do barril afundou mais de 7%.
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