Os presidentes dos cinco municípios da área abrangida pela Unidade Local de Saúde (ULS) do Estuário do Tejo assinam um comunicado conjunto em que se afirmam “surpreendidos” com a informação de que as urgências pediátricas do Hospital Vila Franca de Xira passarão a encerrar à noite e aos fins-de-semana. Os autarcas de Alenquer, Arruda dos Vinhos, Azambuja, Benavente e Vila Franca de Xira “repudiam” a decisão, que consideram “inaceitável”, numa região onde residem cerca de 250 mil pessoas.
No comunicado distribuído na manhã desta sexta-feira, manifestam, também, “a sua extrema preocupação com o crescente degradar dos serviços de atendimento às populações, que já estão prejudicadas com o funcionamento intermitente das urgências de obstetrícia e ginecologia no Hospital Vila Franca de Xira” – sujeitas há mais de dois anos a fechos rotativos aos fins-de-semana.
Por isso, os cinco presidentes de câmara (quatro eleitos pelo PS e um pela CDU), “exortam a ministra da Saúde e o primeiro-ministro a tomarem as medidas necessárias para evitar mais este encerramento de urgências nas imediações da capital do país”. E prometem continuar “a lutar pelo direito à saúde das cerca de 250.000 pessoas que residem nos concelhos de Alenquer, Arruda dos Vinhos, Azambuja, Benavente e Vila Franca de Xira”, exigindo a “completa regularização do funcionamento dos serviços do hospital” que, sublinham, “foi construído com o apoio financeiro de todos os municípios envolvidos”.
A área de influência da ULS Estuário do Tejo, recorde-se, é a mais afectada do país pela falta de médicos de família. No final de Janeiro, 49,3% dos 238 670 utentes inscritos não tinham médico atribuído, problema que se manifesta mais nos concelhos de Alenquer, Azambuja e Vila Franca. Para atenuar o impacto desta situação juntos dos mais de 118 mil utentes sem médicos, a administração da ULS tem procurado alternativas com mecanismos de marcação rápida de consultas de recurso, teleconsultas e video-consultas. Segundo dados da ULS Estuário do Tejo, em 2024 a região registou um crescimento de 2,6% nas consultas prestadas (total de 716 mil) e de 10,7% nas cirurgias programadas (total de 11 489) e de 6, 2% nas consultas de enfermagem.
O PÚBLICO tentou obter mais esclarecimentos junto da administração da ULS Estuário do Tejo mas ainda não teve resposta.
Esta sexta-feira, o Governo anunciou que o projecto-piloto de reorganização das urgências pediátricas arranca no sábado, dia 1 de Março, e envolve os serviços de urgência pediátrica da região de Lisboa e Vale do Tejo, de Leiria e da Área Metropolitana do Porto, assim como várias outras ULS que decidiram aderir à iniciativa, num total de cerca de 20 hospitais do país.
Na prática, o acesso à urgência referenciada passa a ser possível através de uma pré-triagem telefónica da linha SNS Criança e Adolescentes (uma derivação do SNS24), assim como para casos encaminhados pelo INEM, pelos centros de saúde ou por outra instituição de saúde, pública, privada ou social com informação assinada por médico.
Para quem aceder à urgência sem ter uma referenciação prévia, os hospitais devem assegurar um meio de contacto com a linha SNS 24, através do serviço administrativo ou de um telefone instalado no local.
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