A Bayer foi condenada por um júri do estado norte-americano da Geórgia a pagar cerca de 2,1 mil milhões de dólares a um queixoso que alegou que o herbicida da empresa, Roundup, lhe provocou cancro. O veredicto foi revelado na sexta-feira pelos advogados do queixoso. A Bayer já veio anunciar que vai recorrer da decisão.
O queixoso, John Barnes, interpôs uma acção judicial em 2021, pedindo uma indemnização por danos relacionados com o seu linfoma não-Hodgkin. Barnes alegava que deveria ter havido mais avisos sobre “produtos defeituosos e excessivamente perigosos”.
Este é um dos maiores acordos legais até hoje num caso relacionado com o Roundup e é o mais recente revés para o grupo, um dos maiores fabricantes de sementes e pesticidas do mundo. A Bayer está envolvida em litígios devido ao Roundup desde a aquisição da empresa Monsanto, em 2018.
A empresa tem vencido a maioria dos casos que foram a julgamento – 17 em mais de 20. De acordo com o relatório anual da Bayer de 2024, citado pelo jornal The Washington Post, em cerca de 181 mil reclamações, cerca de 114 mil foram resolvidas com acordos extra-judiciais ou não avançaram por motivos diversos.
A Bayer pagou já cerca de 10 mil milhões de dólares para resolver litígios relacionados com a alegação de que o Roundup, um herbicida à base de glifosato, provoca cancro. Estão pendentes mais de 60 mil outros processos, para os quais o grupo reservou 5,9 mil milhões de dólares.
A decisão da Geórgia inclui 65 milhões de dólares em indemnizações compensatórias e dois mil milhões de dólares em indemnizações punitivas, de acordo com uma declaração enviada por e-mail à Reuters pelos escritórios de advogados do queixoso, Arnold & Itkin LLP e Kline & Specter PC.
A Bayer declarou, em comunicado, que discordava da decisão do júri, que consideram contrariar o peso das provas científicas e o consenso dos organismos reguladores e das suas avaliações científicas em todo o mundo. “Acreditamos que dispomos de argumentos fortes para, em sede de recurso, conseguir anular esta decisão e eliminar ou reduzir as indemnizações excessivas e inconstitucionais”, declarou a empresa.
Em 2015, a Agência Internacional de Investigação do Cancro da Organização Mundial de Saúde concluiu que o glifosato é “provavelmente cancerígeno para os seres humanos”.
De acordo com o Washington Post, as decisões judiciais entre 2019 e 2024 que concederam inicialmente milhares de milhões de dólares aos queixosos acabaram por ver os valores reduzidos em recurso, mesmo quando os juízes concordam que o Roundup esteve na origem de cancro ou que a Monsanto sabia que o glifosato pode ser perigoso, mas não emitiu os avisos adequados. Nalguns casos, os juízes consideraram haver limites constitucionais das indemnizações punitivas.
No início de Março, a Bayer disse ao Congresso norte-americano que poderia deixar de vender o Roundup, a menos que fosse reforçada a protecção legal contra litígios relacionados com o produto, afirmou à Reuters um analista financeiro e fonte próxima do assunto. com Reuters
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