O Benfica ficou quase dois meses a pensar como é que não conseguiu ganhar a final da última Taça de Portugal, um jogo que parecia ganho, mas que deixou escapar da forma mais dramática possível. Nesta quinta-feira, no Algarve, a história não se repetiu. No reencontro com o Sporting depois dessa final, foram os “encarnados” que saíram por cima, com um triunfo por 1-0 na Supertaça Cândido de Oliveira.
Um golo de Pavlidis deu o 10.º troféu aos “encarnados” e uma boa entrada na nova época. Nem tudo foi perfeito e ainda há muita coisa que não encaixa, mas é sempre melhor começar a ganhar. E para o bicampeão nacional, apesar da derrota, nem tudo foi mau. Falta é alguém para marcar golos, mas isso já não é novidade para ninguém.
Sporting e Benfica estão em mudança. De nomes e de hábitos. Nesta Supertaça, tudo iria depender de como estão encarar essa mudança. Nos “leões”, é sobretudo uma questão de hábitos porque os nomes são quase todos os mesmos – com uma grande excepção, Viktor Gyökeres. E não ter o sueco implica uma enorme mudança de hábitos, porque Harder não é o mesmo jogador e não está na mesma fase de maturação. E não é tudo: criar rotinas em 4x2x3x1 depois de cinco anos em 3x4x3 leva tempo. No Benfica, é mais uma nova vida com novos nomes. O plano táctico e estratégico, em teoria, seria o mesmo.
Perante estes cenários de mudança, Rui Borges fez o que se esperava, Bruno Lage, como também é costume nele, fez algo novo. Os “leões”, na sua roupa táctica maleável, apresentaram um “onze” sem reforços, com Harder a servir de homem mais adiantado. As “águias”, com três novidades de início (Dedic, Rios e Enzo), foram mais conservadoras, apenas com dois homens de características marcadamente ofensivas, Akturkoglou e Pavilidis, com Leandro Barreiro a ser a surpresa entre os titulares.
O que a primeira parte mostrou foi um Sporting mais confortável com o que era novo. Claro que não era a mesma coisa do que jogar com Gyökeres, mas Harder procurou sempre ser um jogador associativo e altruísta, com boas combinações com Trincão e Pedro Gonçalves nas saídas rápidas de pressão. Era isso que o Benfica tentava fazer, pressão alta, mas com poucos resultados.
E de uma dessas situações o Sporting conseguiu meter a bola na baliza do Benfica logo aos 5’. Jogada simples, mas vistosa que não deu golo por centímetros. A partir da esquerda, Maxi deixou para o meio, onde estava Hjulmand. O capitão “leonino” viu bem a desmarcação de Harder e o jovem dinamarquês avançou para a área, fez o cruzamento perfeito para a entrada de Pedro Gonçalves ao segundo poste. A bola entrou, o Sporting festejou, mas Fábio Veríssimo anulou por fora de jogo de Harder – estava 28 centímetros adiantado.
O Sporting estava melhor no jogo, com os ocasionais lapsos de concentração, como o de Inácio aos 17’ – em zona perto da sua área, deixou-se antecipar por Pavlidis e o grego criou perigo, mas não tinha companhia na área “leonina” e o lance perdeu-se. Isto foi mesmo o melhor que o Benfica tirou da primeira parte, sem criatividade para mexer com o jogo no ataque posicional, sem velocidade para jogar em transições. Ríos bem tentava ser um farol naquele meio-campo de combate e Pavlidis tinha muitas vezes de recuar para fazer alguma coisa, mas era difícil porque não tinha ninguém a quem passar.
A segunda parte parecia ser mais do mesmo nos primeiros minutos. Uma boa combinação entre Morita e Pedro Gonçalves deixou Harder à frente de Trubin, mas o tiro do dinamarquês saiu por cima. E logo a seguir, o Benfica marcou. Aos 52’, jogada pela esquerda de Dahl, Maxi desfez mal o lance e Pavlidis, mesmo à entrada da área atirou para a baliza. A bola ia na direcção de Rui Silva, mas o habitualmente fiável guardião do Sporting deixou-a passar.
O golo do Benfica não mexeu apenas com o marcador, mexeu com o jogo. Parecia que, de repente, os “encarnados” sabiam como lidar com as mudanças, enquanto os “leões” pareciam uma equipa cheia de gente que não se conhecia.
Rui Borges foi buscar o que tinha ao banco – Quenda, Debast, Kochorachsvili e Suárez, o colombiano contratado para ser o substituto do sueco. Mas os “leões” não tiveram grande presença junto da área benfiquista. E o Benfica, que tanto ficou a pensar naquele golo sofrido no último minuto da Taça que conduziu ao prolongamento e à derrota, foi mais do que competente a segurar a vantagem.
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