Petróleo cai para mínimos de quatro anos com guerra comercial a aumentar riscos de recessão
Os preços do petróleo caíram esta quarta-feira para os níveis mais baixos desde fevereiro de 2021, com os mercados a reagirem à intensificação da guerra comercial entre os Estados Unidos e a China, depois de já terem estado bastante presisonados pelo aumento inesperado da produção por parte da OPEP+. A entrada em vigor de tarifas norte-americanas de 104% sobre produtos chineses elevou os receios de uma recessão global e de um possível excedente no mercado de crude.
O Brent – referência para a Europa – caiu até 4,3%, negociando próximo dos 60 dólares por barril, enquanto o West Texas Intermediate (WTI) – usado no mercado norte-americano – recuou mais de 4%, para cerca de 57 dólares. Ambos os contratos atingiram os níveis mais baixos dos últimos quatro anos.
“A escalada tarifária continua a deteriorar as perspetivas de crescimento global, deixando a procura de petróleo exposta a riscos adicionais de queda”, indicou, citado pela Bloomberg, Warren Patterson, responsável pela estratégia de commodities do ING Groep NV, em Singapura. “Sem sinais de desanuviamento, os riscos continuam claramente negativos.”
Por sua vez, a vice-presidente da Rystad Energy, Ye Lin, alertou que “a retaliação agressiva da China reduz as hipóteses de um acordo rápido entre as duas maiores economias do mundo, provocando receios crescentes de recessão económica global”. Segundo a analista, citada pela Reuters, o crescimento da procura de petróleo da China — estimado entre 50.000 e 100.000 barris por dia — poderá estar em risco, “embora um estímulo interno forte possa mitigar as perdas”.
Por outro lado, o aumento de produção decidido pelos países produtores de petróleo e seus aliados, a OPEP+, de 411.000 barris por dia a partir de maio, agrava ainda mais as perspetivas de desequilíbrio no mercado. O Goldman Sachs reviu em baixa as suas previsões e antecipa agora que o Brent e o WTI poderão cair para 62 e 58 dólares por barril, respetivamente, até dezembro de 2025.
Apesar do contexto negativo, os dados do American Petroleum Institute mostraram uma queda de 1,1 milhões de barris nas reservas de crude dos EUA na semana terminada a 4 de abril, contrariando as expectativas do mercado. Os dados oficiais da Administração de Informação Energética (EIA) serão divulgados ainda hoje.
A incerteza continua elevada, com os mercados atentos a qualquer sinal de desanuviamento entre Washington e Pequim — embora, para já, ambas as partes pareçam intransigentes.
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