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Bridget Jones: Louca Por Ele é uma engrenagem alimentada a estereótipos | Crítica

Um filme como este é o equivalente cinematográfico daqueles concertos que reúnem velhas glórias da música entretanto desaparecidas da vista: pura celebração, ocasião para um grande karaoke onde o que quer que aconteça no palco é só uma mola para excitar as memórias da audiência. São praticamente os 25 anos de carreira de Bridget Jones (o primeiro filme estreou-se em 2001), e a banda está cá toda, a galeria de actores e personagens secundárias que a série de filmes foi transportando (mesmo Colin Firth, o Sr. Darcy, o marido, entretanto desaparecido algures entre sequelas, vem dar uma perninha numa cena de nostalgia evocativa).

Chamar-lhe, neste sentido, um “filme-concerto” é menos desprezar o filme do que estar à altura da condescendência mínima que o objecto suscita, na sua vontade quase desesperada de exibir “alegria”, de exalar “optimismo” (o optimismo ambivalente de quem não acredita em bruxas pero que las hay, las hay) por todos os poros que tenha. Sempre foi, de certa forma, o segredo da chamada britcom, embora aqui chegados isto já pareça, claro, britcom reaquecida no dia seguinte a já se ter voltado a aquecer a britcom do dia anterior a esse.

Quer dizer: Bridget Jones: Louca por Ele é um filme que já não tem espontaneidade nem originalidade alguma, mas que aceita isso de caras, tornando-se uma espécie de máquina, uma engrenagem alimentada a estereótipos que não tem outro propósito que não pôr os estereótipos a rodar, ainda mais uma vez — como uma canção numa jukebox, ou como o “play it again, Sam” de Casablanca, para continuarmos com analogias musicais.


Pouco importa ao filme ser completamente previsível, e perceber-se em poucos minutos o que vai acontecer, com quem Bridget Jones vai ficar no fim e com quem não vai — até porque sem previsibilidade não há karaoke. Mesmo a questão crucial, Bridget ser agora uma cinquentona viúva com renitência em voltar ao “mercado” dos encontros amorosos (mete-se no Tinder, e claro que só dá desastres), que pela relativa singularidade sociológica não deve ser completamente menosprezada, empalidece na sombra de outras comédias sobre os labirintos românticos da meia-idade, e resume-se a uma sucessão de apontamentos exemplarmente anedóticos.

Tudo muito franco, muito simpático, sobretudo os actores, mas informe, dirigido com a mesma idiossincrasia de um “especial TV” para passar durante as épocas festivas. Acabam todos felizes para sempre — ou pelo menos até ao próximo filme.





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