Uma carta escrita por um sobrevivente do Titanic, cinco dias antes do naufrágio, foi leiloada este sábado, 26 de Abril, por um valor recorde no Reino Unido: 300 mil libras (cerca de 350 mil euros).

“É um belo navio, mas vou esperar pelo fim da viagem para o julgar”, lê-se na carta escrita pelo coronel Archibald Gracie. A frase, considerada “profética” pela leiloeira Henry Aldridge & Son, foi escrita pelo passageiro de primeira classe a 10 de Abril de 1912, o dia em que embarcou no Titanic.

A leiloeira diz que nunca antes um documento escrito a bordo do célebre navio tinha atingido um valor tão alto. O item foi vendido por cinco vezes o preço esperado de 60 mil libras. “Uma peça realmente excepcional, digna de museu”, descreveu a leiloeira ao Newsportu.

A “raridade”, escrita por “um dos sobreviventes mais conhecidos, com um excelente conteúdo e no mais raro dos formatos, uma carta”, segundo Henry Alridge & Son, foi adquirida por comprador um privado, cuja identidade permaneceu anónima.

A carta foi enviada quando o Titanic atracou em Queenstown, na Irlanda, a 11 de Abril de 1912. O manuscrito foi recebido pelo tio-avô do vendedor, um conhecido do coronel, no hotel Waldorf, em Londres.

A verdade acerca do Titanic

Archibald Gracie era um dos cerca de 22oo tripulantes do Titanic, que se dirigia para Nova Iorque. De acordo com a descrição feita pela Henry Alridge & Son, o coronel acordou quando o navio chocou com o icebergue, depois de ter-se deitado cedo, pois pretendia jogar squash na manhã seguinte. Gracie ajudou mulheres e crianças a embarcar nos botes salva-vidas.

Mais de 1500 pessoas morreram na noite do desastre, mas o coronel sobreviveu ao subir para um barco que estava virado nas águas geladas, conforme o seu próprio relato.

Mais de metade dos homens que inicialmente alcançaram o bote salva-vidas morreram de exaustão ou frio, escreveu Gracie.

A saúde do coronel ficou gravemente debilitada pela hipotermia e pelas lesões físicas que sofreu durante o naufrágio. Cerca de oito meses após o acidente, entrou em coma e morreu dois dias depois devido a complicações relacionadas com a diabetes.​

​Antes de morrer, o coronel escreveu o livro A verdade acerca do Titanic sobre a sua experiência abordo do navio. O livro foi publicado após a sua morte, em 1913.