Don’t lie to me, Mariana
Com a desculpa de um oceano entre mim e a Argentina, confesso que não conheço em profundidade o quotidiano dos seus habitantes. Sei, contudo, que se repetem manifestações “devidamente” reprimidas pela polícia, sobretudo dos mais velhos, a quem cortam impiedosamente no valor dos seus rendimentos. Vivem, como tantos em Portugal, das suas pensões de reforma, depois de uma vida de contribuições para a segurança social. Não possuem qualquer outra forma de resistir à sanha da motosserra que Javier Milei inventou. Julgo saber, também, que este mesmo senhor foi alvo de acusações de manipular em proveito próprio as cotações da $Libra, uma criptomoeda gerada pela inventiva liberal, e, mais recentemente, se passeou por Israel, não para ajudar os esfomeados de Gaza, mas para anunciar mais uma vitória de Netanyahu, a mudança da embaixada argentina para Jerusalém. Vem agora uma senhora de aparência escorreita dizer-nos, nas páginas do PÚBLICO, que as políticas aplicadas por Milei na Argentina estão a funcionar. Não duvido de que Mariana Leitão, da Iniciativa Liberal, tenha toda a razão. O problema é que não nomeia os beneficiários de tais políticas, mas todos, no íntimo, sabemos que não são o povo trabalhador ou desfavorecido.
José A. Rodrigues, Vila Nova de Gaia
Ainda o discurso de Lídia Jorge
“Ainda dura o tempo de trabalho para entender” (Maria V. da Costa)
A intervenção de Lídia Jorge no dia 10 de Junho foi um marco sem retorno possível. Se a escritora nada mais fez do que lembrar as convulsões epocais por que passaram criadores que permanecem os faróis na tentativa de compreensão do mundo, incluindo o nosso Camões, as suas palavras tiveram um efeito catalisador. Entre os que pararam para pensar e os que reagiram eriçados, entre os que reconheceram nesse memorável texto matéria para reflectir e os que saltaram nas suas ruminâncias de ódio, a separação fez-se de forma evidente.
Por mais que a extrema-direita enrouqueça a gritar, e se torne violenta, nunca a dimensão de crueldade que dobrou o cabo das Descobertas poderá ser reparada. Temos de viver com isso, de olhos abertos, sem bater no peito, em solidariedade incontestável com quem connosco habita o país. Pensando e agindo com firmeza contra a extrema-direita.
Teresa Cadete, Lisboa
Breve reflexão
André Ventura também tem a sua quota de sangue magrebino como todos os portugueses, enxertados em cepas bem anteriores a Viriato. Mas ignora. A ignorância, a falta de conhecimento e a falta de cultura são males que reinam neste mundo, sobretudo nos políticos actuais. Talvez também por isso façam e digam tantas asneiras. Então, quando a ignorância vem misturada com o atrevimento soez, são um mal absoluto.
Nos homens do Integralismo Lusitano que há cerca de um século haveriam de ajudar a levar o ditador Salazar ao poder, ainda haveria um corpo intelectualizado de ideias. Mas aqui temos apenas o vazio e nada mais, que se resume, no pior jeito arruaceiro de vendedores da banha-da-cobra, a “ajustar contas com o passado…”. Triste e pobre desígnio!
Nestes tempos de desordem internacional em que a boçalidade e a loucura tomaram conta dos tronos e comandam os destinos deste mundo, péssimas são as perspectivas para as actuais e para as futuras gerações!
Hélder Gomes, Odivelas
Aeroporto de Lisboa
Quem quis, ouviu o comandante José Correia Guedes – pessoa credenciada para falar sobre o assunto – a falar na Newsportu sobre o caso do avião da companhia Indiana que se despenhou após a descolagem. Disse o comandante aquilo que todos nós percebemos sem precisar de grandes explicações. A cidade de Lisboa corre o mesmo risco.
Continua-se a investir no Aeroporto de Lisboa para o aumentar e nós, pelo menos os que estamos no enfiamento da pista para um lado e para outro, temos que continuar a rezar para que nunca nos aconteça o mesmo que aconteceu àqueles que levaram com aquela enorme bola de fogo em cima.
O caso de Sá Carneiro já foi uma pequena amostra do que pode acontecer. Se em vez do Cessna for um Boeing na descolagem, atestado de combustível altamente inflamável, há alguém que não imagine o resultado de um incidente deste género? Beja continua hoje à nossa espera.
José Rebelo, Caparica
PÚBLICO ERROU
No mapa publicado na edição de ontem (pág. 5) com o título “Alvos israelitas no Irão”, Israel surge erradamente associado ao território da Síria. Aos leitores, o nosso pedido de desculpas.
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