Parque 25 de abril
O Parque Eduardo VII chama-se assim em lembrança da visita a Lisboa, no início do século passado, do rei Eduardo VII da Inglaterra. Não vejo que tal acontecimento justificasse o nome. O que se justificaria, sim, seria chamar-se Parque 25 de Abril — pelo dia em que a liberdade foi restituída aos portugueses após 48 anos de ditadura e em homenagem aos que o fizeram.
É certo que já existe a Ponte 25 de Abril, mas essa pertence também a Almada. Nem esqueço que a mudança de nomes de ruas traz inconvenientes para os moradores, mas no parque não há moradores. E ainda há a estátua do Marquês de Pombal, um déspota do século XVIII, mas logo a seguir vem a Avenida da Liberdade. Assim, Parque 25 de Abril, Avenida da Liberdade.
Jorge Miranda, constitucionalista
Agora é a Síria
Netanyahu está imparável. Não lhe chegavam os inimigos “tradicionais”, o Líbano, o Irão, o Iémen, já para não referir os palestinianos de Gaza e da Cisjordânia. Sabemos que a Síria de Bashar al-Assad também não era do seu agrado e, finalmente, parece que o ainda relativamente insondável Ahmed al-Sharaa também não preenche os requisitos necessários a colocar os sírios a coberto da (im)previsibilidade do senhor de Israel.
Sujeitos a décadas de feroz propaganda, os israelitas gostam de se sentir o “povo eleito”, e reclamam-se de direitos que a mais ninguém são concedidos. Incluindo os que derivam directamente do ódio, da crueldade, do sadismo para com o gentio. A arrogância e a impunidade que o primeiro-ministro israelita destila revelam a “valentia” do mais poderoso, daquele que continua a bater no inimigo que já caiu. Não sei quem será a próxima vítima. Serão os drusos, a quem Netanyahu chama, agora, de “irmãos”? Só para terminar: não sou anti-semita.
José A. Rodrigues, Vila Nova de Gaia
Sobre demolição de princípios
Sobressaltou-se um grupo de deputados do Partido Socialista e daí resultou uma carta aberta de profunda indignação com a demolição de 50 barracas em Loures. Uma acção de despejo de dezenas de famílias que foram atiradas à rua e que passaram do abrigo precário ao estatuto de sem-abrigo. Acção musculada (como sói dizer-se) que mobilizou autoridades e que foi pré-anunciada pela calada do fim-de-semana, quando até os tribunais se encontram encerrados à recepção de providências cautelares. Nada que tirasse o sono ou o apetite a Ricardo Leão e Paula Magalhães no papel de Robin dos Bosques invertidos — fortes com os fracos em vez de fortes com os poderosos…
A demolição das barracas em Loures não aconteceu por demolição de princípios do Partido Socialista, porque essa demolição foi já feita há décadas. A obscena e desumana demolição do tecto de 50 famílias em Loures já é a cria da ausência de princípios deste partido que se diz socialista e pouco se diferencia da extrema-direita. Bem podem chorar os deputados do PS subscritores da piedosa carta aberta que já não lhes é possível corrigir o “crime” da ofensa aos direitos humanos. Os crocodilos já nos preparam a todos para não acreditar na boa-fé das suas lágrimas!
Maria da Conceição Morais Mendes, Canidelo
Demita-se, Ana Paula Martins
As urgências dos hospitais portugueses, na maioria dos casos, estão a abarrotar de pessoas que os demandam procurando alívio para as súbitas enfermidades de que padecem. Qualquer grávida que pretenda dar à luz num hospital, o mais certo é que o parto seja realizado numa ambulância, visto que as valências de obstetrícia em algumas unidades hospitalares se encontram encerradas ao fim-de-semana. Pessoas que se desloquem aos hospitais esperam (e desesperam) horas para serem observadas. Muitas dessas pessoas estão deitadas em macas nos corredores desses hospitais, sem ar condicionado. Um sufoco. Pessoa minha amiga deslocou-se com a sua mãe a uma unidade hospitalar de Trás-os-Montes e ficou siderada com aquilo que observou.
A saúde em Portugal não se recomenda. A ministra, imperturbável, tem um topete desconcertante perante evidências negativas que vão ocorrendo em unidades hospitalares que deveriam ser solucionadas. De facto, há falta de médicos? Os serviços hospitalares são mal geridos? Os facultativos têm excesso de trabalho? Estão mal distribuídos? Ana Paula Martins, 59 anos de idade, anda às aranhas e não dá conta do recado porque não sabe, não quer, não pode ou não tem capacidade para o cargo. O primeiro-ministro deve agir imediatamente demitindo a ministra da tutela. (…).
António Cândido Miguéis, Vila Real
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