Num Estado de direito democrático – aquele em que, desde o 25 de abril de 1974, decidimos viver – é a lei que define aquilo que os cidadãos podem ou não podem fazer e é na Constituição que encontramos as traves mestras do nosso projeto coletivo enquanto povo. Por isso, é em primeira linha a ela que devemos interrogar sobre a possibilidade de construção de locais de culto, agora que o assunto parece ter entrado na tumultuosa agenda dos nossos dias, também por força de tomadas de posição públicas (algumas descaradamente xenófobas) a propósito da construção de mesquitas em Lisboa, no Porto ou em Benavente, só para dar alguns exemplos. É irresistível, para os populistas, a exploração da ideia de que a construção de mesquitas é uma forma de apropriação da nossa terra pelo outro, que é um inimigo. Há, pois, que contra-argumentar.