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Aparentemente, o médico dermatologista inseria no sistema os próprios atos médicos e definiria pequenas cirurgias, simples remoções de sinais, que demoravam escassos minutos, como cirurgias em ambulatório para efeitos de redução das listas de espera e pagas como trabalho adicional.
A administração do Hospital de Santa Maria, em Lisboa, pediu um total de seis auditorias ao caso do dermatologista que ganhou cerca de 400.000 euros em 10 sábados de trabalho. Antes, ainda no ano passado, tinham sido feitas duas auditorias à atuação do mesmo médico, mas em nenhuma delas foram detetadas irregularidades.
O esforço do dermatologista Miguel Alpalhão para diminuir listas de espera no Hospital de Santa Maria, em Lisboa, saiu caro ao Serviço Nacional de Saúde.
Os valores pagos pelo trabalho adicional aos sábados, que estão agora na praça pública, causam estranheza ao público em geral e também na classe médica. É o caso do cirurgião José Fragata, com anos de experiência em hospitais públicos:
“Uma remuneração de 50 mil euros num dia só parece-me absolutamente despropositada. Claramente, indicia duas coisas: houve quem pudesse ter-se aproveitado e, por outro lado, mostra um sintoma mais grave: uma falta enorme de controle.”
Auditorias não detetaram irregularidades
O atual Conselho de Administração do Hospital de Santa Maria, no ano passado, fez duas auditorias à equipa de dermatologia e em nenhuma foram detetadas irregularidades. Uma das auditorias visava a área da gestão, a outra apontava para a codificação dos atos médicos.
Aparentemente, o médico dermatologista inseria no sistema os próprios atos médicos e definiria pequenas cirurgias, simples remoções de sinais, que demoravam escassos minutos, como cirurgias em ambulatório para efeitos de redução das listas de espera e pagas como trabalho adicional.
Por causa destes desmandos, a administração do Santa Maria pediu uma auditoria à Inspeção-Geral das Atividades em Saúde, uma auditoria interna extraordinária e quatro auditorias clínicas à equipa de dermatologia, uma situação duvidosa que levou, agora, o Governo a querer saber o que se passa em 39 Unidades Locais de Saúde.
No ano passado, foram realizadas cerca de 38.000 cirurgias no Hospital de Santa Maria, um recorde de atividade que, em dermatologia, pelo menos, não se vai repetir. Por causa deste caso, o programa de recuperação de listas de espera foi suspenso. O Ministério Público está também a investigar.
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