Foram detidos dois suspeitos de terem assassinado dois irmãos em Unhais da Serra, em fevereiro. Um deles já tinha falado com a SIC e negou ter visto as vitimas no dia em que veio de França para levar a avó. Mas para os investigadores nunca existiram grandes duvidas.

Na pacatez de Unhais da Serra, os irmãos Pedro e Alexandre desapareceram de um dia para o outro. No mesmo dia desapareceu também a mãe, doente de Alzheimer.

A família desapareceu, mas a chave continuava na porta, as janelas entreabertas e um silêncio profundo dentro da casa.

Mais tarde viria a saber-se que a idosa estava em França. Tinha sido levada por um neto na noite em que os irmãos desapareceram.

O caso inquietou Unhais da Serra e a Polícia Judiciária tomou conta da investigação. Foram feitas buscas à casa e os inspetores perceberam que a garagem estava demasiado lavada.

A olho nu nada era visível, mas foram chamadas as equipas forenses do Laboratório de Polícia Científica, que conseguiram detetar manchas de sangue no chão, nas paredes e uma grande quantidade numa esfregona, que terá sido usada para limpar a garagem.

Para os investigadores parecia certo que os dois irmãos estariam mortos.

Ao fim de uma semana, a Polícia Judiciária resolve montar uma operação para encontrar os cadáveres. Sem saberem ao certo onde poderiam estar, decidem montar um perímetro entre 20 a 30 quilómetros em zona de floresta.

O Alto da Portela, onde os corpos dos dois irmãos foram encontrados carbonizados, fica a cerca de 8 quilómetros de Unhais da Serra.

Para a Policia Judiciária, a estranha coincidência foi um ponto de partida para investigar o sobrinho das vitimas, que vive em Annecy, no sudeste de França.

As autópsias concluíram que estes dois homens foram brutalmente agredidos várias vezes. A medicina legal não tem dúvidas depois de analisar os cadáveres, que houve tentativas de os asfixiar através da força das mãos. Parece muito óbvio para os inspetores que seriam precisas de pelo menos duas pessoas para matar dois irmãos em simultâneo.

O sobrinho de Pedro e Alexandre veio a Unhais da Serra acompanhado por um amigo francês já com o cadastro criminal manchado por trafico de droga, assaltos e extorsão.

Contactado pelo Casos de Policia antes de ser detido, o suspeito negou ter-se cruzado com os tios, mas revelou também desconforto com a forma como a avó, que vivia com os dois irmãos, vinha sendo tratada.

Para a Polícia Judiciária, as desavenças familiares sobre a forma como a mãe de Pedro e Alexandre estava a ser tratada e o facto dos dois irmãos viverem com o dinheiro da idosa estará na origem do crime.

A casa da família Marques fica à beira da estrada principal, esmo à entrada de Unhais da Serra. Quem por lá passa, passa também nas bombas de combustível da vila, onde as câmaras de videovigilância registaram os carros, as matrículas, as horas e os minutos de quem por ali passou naquele dia.

As imagens, assim como os muitos vestígios biológicos encontrados na casa, terão dado robustez ao processo o que convenceu o Ministério Público a pedir a colaboração das autoridades francesas.

Os dois suspeitos do duplo homicídio estão a ser vigiados há meses. Foram agora detidos em França, mas o objetivo é que possam ser julgados em Portugal.