O Governo dos Estados Unidos da América (EUA) tem-se mostrado favorável às criptomoedas e, não fosse isso claro, o Presidente dá até nome a um ativo. Entretanto, num evento a que os democratas americanos chamaram “orgia de corrupção”, Donald Trump convidou os detentores da $TRUMP, para jantar.
O jantar foi anunciado em abril e prometia recompensar os 220 maiores proprietários da $TRUMP com "o convite mais exclusivo do mundo". Os 25 primeiros classificados tiveram, também, direito a uma receção privada com o Presidente e uma a "visita VIP especial".
Após o anúncio do jantar, que atraiu cerca de 148 milhões de dólares em compras de apoiantes de todo o mundo, a criptomoeda a que Donald Trump dá nome subiu 50%.
De ressalvar que, à semelhança das restantes, esta não tem nenhum ativo anexado ou valor subjacente, e foi lançada pouco antes da tomada de posse do empresário, em janeiro.
Segundo uma cópia do convite vista pela CNBC, os convidados para o jantar de quinta-feira à noite foram obrigados a preencher uma verificação de antecedentes. Além disso, foram avisados para não chegarem antes das 17h30m, com o jantar marcado para as 19h e uma duração prevista de três horas.
Uma vez que as carteiras de criptomoedas são anónimas, a maioria dos participantes aparecia apenas com nomes de utilizador de três ou quatro letras ligados a endereços de carteiras de criptomoedas.
De acordo com a empresa de análise de blockchain Inca Digital, muitos deles estão vinculados a bolsas internacionais, levantando preocupações de que não-americanos possam estar a pagar pela oportunidade de influenciar o Presidente dos EUA.
A corroborá-lo está uma análise da Bloomberg, do início deste mês, segundo a qual 19 das 25 principais carteiras, e mais de metade das 220 maiores, são quase de certeza propriedade de indivíduos que operam fora dos EUA.
A lista final de convidados foi calculada por via de uma fórmula ponderada pelo tempo, que considerou a dimensão e a duração das participações de cada participante, de acordo com o site oficial memecoin, citado pela CNBC.
Para os democratas, o jantar criptográfico de Trump foi uma "orgia de corrupção"
O senador Chris Murphy apresentou uma legislação que proibiria os presidentes em exercício de lucrar com as chamadas memecoins enquanto estivessem no cargo.
Numa conferência de imprensa horas antes do jantar, Murphy disse que "só porque a corrupção está a ser praticada em público, onde todos podem ver, não significa que não seja uma corrupção desenfreada e voraz".
Na perspetiva do senador, o evento de ontem foi "talvez o mais corrupto de toda a corrupção".

Fonte: Trump’s Memecoin Gala Dinner Draws Crypto Tycoons, a Basketball Star and Protests (WSJ)
Entretanto, a senadora Elizabeth Warren foi mais longe, e descreveu o jantar como "uma orgia de corrupção", acusando Donald Trump de usar a presidência "para enriquecer através da criptomoeda".
Na mesma intervenção, a senadora pediu mudanças à GENIUS Act, que impediriam qualquer presidente de lucrar com negócios de stablecoin.
No início desta semana, o Senado avançou com um projeto de lei de regulamentação da criptomoeda apoiado por Trump, chamado GENIUS Act, depois de obter apoio democrata suficiente para eliminar uma possível obstrução.
A GENIUS Act diz respeito à emissão e troca de stablecoins, uma forma de moeda digital baseada noutra forma de moeda como o dólar americano ou uma commodity como o ouro.
As stablecoins foram concebidas para serem menos voláteis do que outras criptomoedas, que podem registar grandes oscilações de preços e, por sua vez, dificultar a sua compra ou venda pelos indivíduos que as detêm.
O projeto de lei estabelece regras para os emissores de stablecoin, incluindo um requisito para que as empresas mantenham uma reserva de ativos subjacentes à criptomoeda. Esta disposição procura proteger os consumidores que, de outro modo, correm o risco de não poderem levantar as suas participações em caso de uma queda rápida e generalizada das moedas.
Em resposta a questões da imprensa sobre o jantar, a vice-secretária de imprensa da Casa Branca, Anna Kelly, esclareceu que "o presidente está a trabalhar para garantir bons negócios para o povo americano, não para si mesmo". Além disso, Trump "só age no melhor interesse do público americano".
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