Cidades como Singapura e Vilnius, na Lituânia, são frequentemente referidas como exemplos bem sucedidos de cidades inteligentes. Em comum têm o forte investimento em tecnologia, mas também o facto de servirem de ‘laboratórios vivos’ e em tempo real de todas as soluções testadas no terreno, sempre com o contributo dos seus habitantes e principais utilizadores. Sem as pessoas, afirma Adolfo Mesquita Nunes, membro do WTC Business Club, a tecnologia, por si só “é apenas uma ferramenta”.
Assim é igualmente quando se fala de inteligência artificial (IA), acrescenta o advogado, e no papel que terá na mudança do rosto das cidades. “A mudança dependerá sempre das pessoas que pensarem nas soluções, que as testarem, e resolverem os problemas das cidades”, alertou, durante a conferência “O futuro diz presente”, que decorreu esta tarde no World Trade Center de Lisboa, em Carnaxide, e que serviu de mote ao lançamento do ecossistema e incubadora Oeiras Move Tec Lab. “A IA dependerá sempre de nós e, por isso, precisa de decisores públicos responsáveis e que se responsabilizem pela sua aplicação”, alerta, mas igualmente de um trabalho colaborativo entre empresas, entidades públicas e sociedade em geral.
Inovação e tecnologia ao serviço da mobilidade nas cidades inteligentes foi o tema que deu o mote ao debate organizado pela incubadora – com o Expresso como media partner – e que além de Adolfo Mesquita Nunes contou com a moderação da jornalista da SIC, Marta Atalaya e a participação de Rosário Macário, professora no Instituto Superior Técnico (IST), Joana Baptista, vereadora para a mobilidade e transportes na Câmara Municipal de Oeiras; João Salgueiro, diretor de estratégia e de marketing na Hitachi Rail; Rui Rei, presidente da Parques Tejo; e Isaltino Morais, presidente da Câmara Municipal de Oeiras.
Conheça as principais conclusões.
Ecossistemas de inovação
- É preciso criar ‘test beds’ (plataformas para a condução rigorosa, transparente e replicável dos testes de teorias científicas) de soluções criativas e inovadoras nas diversas áreas que contribuem para o desenvolvimento de cidades mais eficientes e ‘amigas’ da população.
- A plataforma colaborativa Oeiras Move Tec Lab pretende cumprir essa missão e criar um ecossistema composto por um conjunto de parceiros que, em conjunto, “contribuam para transformar a sustentabilidade e desenvolver soluções de mobilidade para o concelho de Oeiras e não só”, explicou Rui Rei, na abertura da conferência.
- Startups, empreendedores, investigadores e empresas devem trabalhar em parceria e colaboração para desenvolver, testar e implementar soluções inovadoras para os desafios da mobilidade urbana
- Nenhuma estratégia de mobilidade eficiente poderá ser desenvolvida sem o envolvimento da população. “O comportamento do cidadão é essencial para a evolução da cidade”, assegura Rosário Macário. Mas, alerta para a necessidade de preparação dos habitantes que considera “uma barreira atual”.
- “Cidadão é o driver da aceleração”, complementa João Salgueiro, que acrescenta: “Temos tecnologia avançadíssima, que ainda não está a ser usada devido às barreiras existentes”.
- Universidades devem partilhar conhecimento, mas precisam do terreno para testar e experimentar as soluções. “A experimentação é de tentativa e erro, e de longo prazo, mas precisa do envolvimento da população e dos decisores públicos”, reforça Rosário Macário.
- Políticas públicas de longo prazo são essenciais no desenvolvimento urbano e municipal. Na região de Lisboa “falta uma tutela metropolitana que facilite a implementação de soluções”, diz Joana Baptista.
- “Falta capacitação de decisores públicos e da população para ultrapassar barreiras e obstáculos ao desenvolvimento das cidades inteligentes”, defende a vereadora.
- Visão e parceiros são os ingredientes que, acredita João Salgueiro, são necessários para inovar. “Isto não se resolve com concursos públicos e cadernos de encargos”.
- “Ainda estamos a fazer de conta que estamos a inovar”, aponta Rosário Macário, que assegura que a prioridade deve ser resolver problemas atuais e só depois pensar em soluções de futuro.
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