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Ecossistemas de grandes herbívoros resistem a mudanças globais há 60 milhões de anos

Mundo dos Animais

Apenas duas crises afetaram ecossistemas herbívoros em 60 milhões de anos, mas o seu papel manteve-se surpreendentemente estável.

Manada de gnus na Tanzânia

Manada de gnus na Tanzânia

Juan López Cantalapiedra / CSIC, Madrid

Os ecossistemas de grandes herbívoros permaneceram surpreendentemente estáveis durante 60 milhões de anos, mesmo com o aparecimento e desaparecimento de espécies, exceto devido a duas alterações ambientais globais, de acordo com um estudo.

De mastodontes a rinocerontes ancestrais e veados gigantes, os grandes herbívoros moldam as paisagens da Terra há milhões de anos. Um novo estudo, publicado na Nature Communications, mostra como estes gigantes responderam a mudanças ambientais drásticas – e como os seus ecossistemas encontraram formas de se manterem unidos, mesmo com o desaparecimento de espécies.

Uma equipa internacional de cientistas, liderada pela Universidade de Gotemburgo, na Suécia, analisou registos fósseis de mais de 3.000 grandes herbívoros.

Bufalo africano

Juan López Cantalapiedra / CSIC, Madrid

Há 21 milhões de anos

A primeira grande mudança ocorreu há cerca de 21 milhões de anos, quando a deriva continental fechou o antigo Mar de Tétis e formou uma ponte de terra entre África e a Eurásia.

Este novo corredor terrestre desencadeou uma onda de migrações que transformou os ecossistemas de todo o planeta.

Entre os viajantes estavam os antepassados dos elefantes modernos, que tinham evoluído em África e começavam agora a espalhar-se pela Europa e pela Ásia.

Mas os veados, os porcos, os rinocerontes e muitos outros grandes herbívoros também se mudaram para novos territórios, alterando o equilíbrio ecológico.

Há 10 milhões de anos

A segunda mudança global ocorreu há cerca de 10 milhões de anos, quando o clima da Terra se tornou mais frio e seco.

A expansão das pastagens e o declínio das florestas levaram ao aparecimento de espécies herbívoras com dentes mais resistentes e ao desaparecimento gradual de muitos herbívoros florestais. Isto marcou o início de um longo e constante declínio da diversidade funcional destes animais – a variedade de papéis ecológicos que desempenhavam.

Apesar destas perdas, os investigadores descobriram que a estrutura ecológica geral das grandes comunidades de herbívoros se manteve surpreendentemente estável.

Mesmo quando muitas das maiores espécies, como os mamutes e os rinocerontes gigantes, foram extintas nos últimos 129.000 anos, a estrutura básica de papéis dentro dos ecossistemas perdurou.

“É como uma equipa de futebol que troca de jogadores durante o jogo, mas mantém a mesma formação. Diferentes espécies entraram em ação e as comunidades mudaram, mas desempenharam papéis ecológicos semelhantes, pelo que a estrutura geral permaneceu a mesma”, explicou Ignacio A. Lazagabaster, investigador do CENIEH em Espanha e coautor do estudo, citado num comunicado.

Ilustração da rede global de papéis ecológicos entre grandes herbívoros, diferentes espécies em diferentes locais e ao longo do tempo, mas com o mesmo papel no ecossistema.

Fernando Blanco / Universidade de Gotemburgo

Esta resiliência manteve-se ao longo dos últimos 4,5 milhões de anos, resistindo a eras glaciares e outras crises ambientais até aos dias de hoje.

No entanto, os investigadores alertam que a perda contínua de biodiversidade, acelerada pela atividade humana, pode eventualmente sobrecarregar o sistema.

“Os nossos resultados mostram que os ecossistemas têm uma capacidade de adaptação impressionante. Mas o ritmo da mudança é muito mais rápido desta vez. Há um limite. Se continuarmos a perder espécies e papéis ecológicos, poderemos em breve atingir um terceiro ponto de inflexão global, que estamos a ajudar a acelerar”, destacou Juan L. Cantalapiedra, investigador do MNCN (Museu Nacional de Ciências Naturais) e principal autor do estudo.

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