Djalmir brilha no futevolei depois de uma carreira feita de golos no Olhanense. Gostava de defrontar Gyokeres e Pavlidis. Recorda Sérgio Conceição e Oblak, com quem se cruzou no clube algarvio
“Jesus perdoa, Djlamir não!”. E agora… nem no futevolei. O cântico era dos adeptos do Olhanense para o avançado que brilhou no clube algarvio e que depois de terminar a carreira dedicou-se ao futevólei, tendo sido 4.º [em dupla com Nivaldo Barros] no campeonato nacional, em 2024. A A BOLA falou sobre a modalidade, recordou Sérgio Conceição e Oblak e lançou o desafio de defrontar Gyokeres e Pavlidis numa quadra.
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– Como é que surgiu o gosto pelo futevólei?
– Quando ainda jogava futebol, antes dos treinos fazíamos uma rodinha e brincávamos a dar toques na bola, com ela altinha, não a deixando cair, e ia testando o jogo de cabeça, ombro, peito, a chapa (pés), coxa, porque basicamente é com esses fundamentos que se joga o futevólei. Nas férias, quando ia ao Brasil, metia-me com o pessoal que já tinha experiência na modalidade, só que não podia jogar porque era profissional e poderia lesionar-me.
Quando encerrei a carreira, um colega meu de Faro, o David Peres, convidou-me para jogar. Ele tinha uma quadra mesmo top e eu fui lá experimentar e comecei a ganhar o bichinho, que continua até hoje. E também é uma forma de estar em contato com a bola e manter-me fisicamente ativo.
– No futevólei vêem-se muitos ex-jogadores de futebol?
– A jogar no circuito, não. A praticarem sem ser em competição há muitos que jogam nas férias, como o João Moutinho e o Castro e também outros ex-jogadores como o Ukra, o Carriço, o João Gonçalves, lateral-direito que jogou comigo no Olhanense, o Bruno Alves, que joga muito bem, e o irmão Geraldo.
– O que é necessário para se ser um bom jogador?
– O futevólei joga-se da cabeça aos pés, menos com a mão. Tecnicamente é necessário ter um bom jogo de pés, que se chama chapa, ter coxa, peito, ombro, e cabeceamento bom. O resto são situações de jogo, como leitura e posicionamento na quadra. Quando se joga a alto nível temos de interpretar o que o adversário vai fazer, é como no futebol. Quem pensar e reagir mais rápido, consegue sobressair.
– Como é que na quadra olham para si? Com respeito pelo seu passado no futebol ou pelo valor que tem na modalidade?
– É pelo valor que tenho no futevólei. Porque na quadra, se eu não correr e não jogar bem, o pessoal passa o carro por cima!
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– É mais fácil marcar um ponto no futevólei ou um golo no futebol?
– Marcar um ponto no futevólei, como é óbvio. Porque estamos a falar de dimensões diferentes, de uma quadra de 8×8 metros, enquanto no futebol um campo tem 100 metros. No futevólei, eu conheço aquele quadradozinho muito bem. E muita da qualidade que eu tinha no futebol, que era o meu jogo de cabeça, principalmente, deixo na quadra. Quando atacamos o adversário é com a cabeça e com ela sai potência, leveza, tudo. É só treinar e saber fazer.
– No futebol atual, quem é que pode ser um potencial bom jogador de futevólei?
– O João Moutinho. Já o vi jogar e tem qualidade, porque sabe ler o jogo, é uma pessoa inteligente.
– Mas não será baixo para a modalidade?
– Não, aqui a altura não conta. O que interessa é saber posicionar-se e estar bem tecnicamente. Porque se a bola chega e não conseguirmos controlar e ajudar o parceiro, não adianta ser alto.
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– Que jogador é que desafiava para um jogo de futevólei?
– O Gyokeres e o Pavlidis, e acho que não davam muita luta…
– Porquê?
– Porque são jogadores de força, não sei se conseguiam adaptar-se, correr na areia e ter habilidade. Mas eu gostava de os ver jogar futevólei, por isso deixo aqui o convite para um desafio.
– O João Neves também praticou futevolei. Já o viu jogar?
– Não, mas parece que ele joga muito bem, tenho uns colegas que me disseram isso. Mas gostava de o ver.
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Foi diretor-desportivo com Sérgio Conceição e voltou a jogar com Cajuda
Em 2012/2013, Djalmir pendurou as chuteiras, mas por pouco tempo. O avançado começou a época como diretor-desportivo com Sérgio Conceição e terminou-a a jogar com Manuel Cajuda
– Voltou a jogar, depois de ter terminado a carreira em 2012/2013…
– Exatamente. O Sérgio [Conceição] teve convites para sair, mas ficou e eu passei a diretor-desportivo. Ele queria contratar mais jogadores e nós não tínhamos dinheiro e havia muitas guerras. Mas ele precisava de jogadores, muitas das vezes não tinha suficientes para treinar, devido a lesões e faltavam para todas as posições. E ainda com ele lá, voltei a treinar. Entretanto saiu e chegou o Cajuda, continuei e ainda tive tempo para marcar.
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– Como é que foi trabalhar com Sérgio Conceição?
– Ele é muito intenso e eu também pensava um bocadinho como ele. Temos uma hora e meia de treino e é para treinar, não é para andar ali a brincar, não nos podemos rir se fazemos um passe errado, por exemplo. Ele era assim, exigente no que gosta e ama, e tínhamos de fazer as coisas bem feitas e da maneira que ele queria.
– É verdade que depois dos treinos na Maragota, em vez de regressar no autocarro, ele voltava para Olhão [12 km] a correr?
– Sim, sim. Ele não entrava nos nossos meinhos, mas a corridinha era sempre. Depois de um treino, era vê-lo a correr até Olhão, mesmo com calor. E se calhar até hoje gosta, porque olhando para o aspeto físico dele, vê-se que é uma pessoa que ainda treina.
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«Via-se que o Oblak era diferente»
Em 2010/2011, Djalmir teve Oblak como colega no Olhanense. Apesar do guardião esloveno – que depois brilhou no Benfica e está no Atlético de Madrid desde 2014/2015 – não ter jogado, o avançado notava-lhe qualidade. «Era muito novo, não tinha espaço, porque tínhamos o Moretto, o Ricardo Batista e o Bruno Veríssimo. Mas via-se que o miúdo era diferente», recorda. «Nos treinos, além deles, também o Bracalli, o Fabiano e todos os guarda-redes que estiveram no Olhanense, sofriam com os meus golos [risos]…»
Sugestão de vídeo: João Neves e o pai num torneio de futevolei, em Tavira
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