Os índices bolsistas norte-americanos voltaram a recuar esta segunda-feira, um dia depois de o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ter recusado afastar o cenário de uma recessão económica. O S&P 500 e o Dow Jones perderam 2,7% e 2,1%, respectivamente.
O índice tecnológico Nasdaq caiu 4%, no seu dia mais negativo desde 2022. A Tesla, construtora automóvel de Elon Musk, recuou mais de 15%, anulando todos os ganhos registados desde a vitória eleitoral de Trump em Novembro e perdendo mais de metade do seu valor máximo registado em bolsa a 17 de Dezembro. A vaga de boicotes e protestos perante a associação de Musk à Administração Trump e a partidos europeus de extrema-direita, a queda abrupta das vendas da marca na Europa, a competição crescente da concorrência chinesa e a perspectiva de uma subida dos custos de produção resultante de uma guerra comercial têm penalizado fortemente a construtora norte-americana de carros eléctricos.
Meta (proprietária do Facebook e do Instagram), Alphabet (dona da Google), Amazon e Nvidia (fabricante de microprocessadores associada ao boom da inteligência artificial), outros gigantes do sector tecnológico, também desvalorizaram significativamente esta segunda-feira.
Numa entrevista transmitida pela Fox News na noite de domingo, Trump recusou afastar a possibilidade de uma recessão nos EUA. “Odeio ter de prever essas coisas”, declarou, reconhecendo contudo o impacto económico das medidas decretadas pela sua Administração no último mês e meio. “Há um período de transição porque o que estamos a fazer é muito grande. Estamos a trazer a riqueza de volta à América”, afirmou.
No centro das preocupações dos investidores tem estado sobretudo a incerteza gerada por constantes anúncios de implementação de taxas aduaneiras sobre as importações canadianas, mexicanas e chinesas, seguido de vários recuos, adiamentos ou isenções, e a ameaça iminente de tarifas sobre a União Europeia.
A eventual penalização das importações, sujeita a medidas retaliatórias por parte dos maiores parceiros comerciais dos EUA, tem preocupado os líderes de várias indústrias com mercados e cadeias de produção globais, como o sector tecnológico, os construtores automóveis e a indústria agro-alimentar, que alertam para um agravamento dos preços ao consumidor. A Reserva Federal norte-americana também tem sinalizado o risco inflacionário das medidas da Administração Trump.
A vaga de despedimentos em curso na administração pública federal, o cancelamento de milhares de contratos com fornecedores do sector público, o congelamento de milhares de milhões de dólares em verbas públicas para agricultores, pequenos empresários, hospitais ou universidades, e ainda o espectro de uma eventual deportação em massa de milhões de imigrantes em situação irregular têm penalizado igualmente a confiança dos consumidores e adensado a possibilidade de um abrandamento geral da actividade económica, como sinalizam inquéritos como o índice ISM.
“A nova Administração está no processo de implementar mudanças significativas de políticas em quatro áreas distintas: comércio, imigração, política fiscal e regulação. A incerteza sobre as mudanças e sobre os seus efeitos possíveis permanece elevada”, declarou na sexta-feira Jerome Powell, líder da Reserva Federal, que alertou para a “incerteza elevada do prognóstico económico”.
Nos últimos dias, o banco Morgan Stanley reviu em baixa o crescimento do PIB norte-americano em 2025, de 1,9% para 1,5%, e o Goldman Sachs aumentou de 15% para 20% a probabilidade de uma recessão económica.
A Casa Branca, por seu turno, tem desvalorizado a agitação dos mercados e insistido que os EUA estão a passar por um processo de ajustamento necessário a uma futura descida de impostos e à revitalização da produção industrial norte-americana. “Demora um bocadinho de tempo, mas acho que vai ser óptimo para nós”, disse Trump à Fox News.
À CNBC, o líder do conselho económico presidencial, Kevin Hassett, defendeu que a incerteza em relação à nova política comercial norte-americana estará dissipada em Abril e que as medidas “estão a criar empregos nos EUA”. No horizonte, afirmou Hassett, estão “o maior corte de impostos da história, desregulação em massa e um aumento da produtividade com a inteligência artificial”.
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